Mudanças entre as edições de "Compartilhamento e Distribuição do Comum"

De Indisciplinar
Ir para: navegação, pesquisa
m (Protegeu "Compartilhamento e Distribuição do Comum" ([Editar=Permitir apenas administradores] (indefinidamente) [Mover=Permitir apenas administradores] (indefinidamente)))
Linha 1: Linha 1:
 +
==Democratização==
 +
 +
Não estamos discutindo democracia enquanto idéia pois estamos interessados mais numa ação processual que gere permita a transformação das idéias e a mutação constante das ações. Ou seja, um processo totalmente aberto, não controlado e não idealizado. A democracia idealizada no século XX trás uma série de conclusões e possibilidades muito bem pré-determinadas abertas a uma escolha coletiva. A democracia é então é como uma escolha de opções limitadas e fechadas do que já foi escolhido. Geralmente se dá por votação a legitimação deste processo democrático idealizado. Neste processo democrático idealizado, tudo é preparado antecipadamente por um pequeno grupo que escolhe e define o que o todo vai poder escolher. Logo, o poder de escolha do todo é limitado por um pequeno grupo. Trata-se de um processo fechado e de mão única. Não há retrocesso, não é possivel erros, não é possível mudar as regras no meio do processo. Se pensarmos em um processo democrático aberto, não idealizado, erros podem ocorrer, desvios de conduta, mudanças de regra e retrocesso nas decisões serão bem vindas e constantes. Mas é um processo 
 +
 +
 
O compartilhamento de espaços urbanos (praças, ruas, parques, rios, nascentes, etc.), objetos (coisas, ferramentas e infraestrutura) e práticas cotidianas, entendido aqui como recursos urbanos, tem se mostrado uma alternativa necessária para instrumentalizar o planejamento urbano contemporâneo. Como consequência, imaginamos que o compartilhamento destes recursos poderia indiretamente promover uma redução do consumo, trazendo resultados positivos num equilíbrio entre demanda e consumo, conquistando sistematicamente um equilíbrio social e econômico. Grandes empresas de tecnologias de conexão como a CISCO, Siemens, IBM, etc. juntamente com a governança pública tem desenvolvido e implementado soluções eficientes e notáveis aplicadas à arquitetura e ao urbanismo. Já podemos enumerar uma série de experiências práticas e soluções já implementadas e em funcionamento em algumas cidades que tem sugerido uma nova prática de planejamento e gestão urbanos. Esta nova prática sugere uma tendência a se pensar a cidade como uma espécie de arquitetura da arquitetura, uma solução a nível de metadesign que agencia indivíduos e coisas: edifícios, infraestrutura pública, sistemas de transporte, informação, conhecimento, cultura, saberes populares, consumo, etc. conectando-os aos indivíduos numa relação sistêmica e dinâmica própria do ambiente urbano vivo. Este agenciamento é a base de uma infraestrutura leve que faz a distribuição dos recursos. Sem infraestrutura e política de distribuição de recursos, não há otimização ou até mesmo uso do que é ou pode ser compartilhado. Ao identificar esta tendência de atuação prática de grandes empresas que convergem seu conhecimento e se dispõe à apresentar “soluções para as cidades” , pretendemos nesta pesquisa nos inserir criticamente e ativamente nesta prática. Do ponto de vista polítco, percebe-se que as iniciativas empresariais, indentificadas, mesmo quando vinculadas ao poder público, visam à reprodução de bens privados e a otimização de recursos em prol do aumento de lucros. Ainda que com motivações ecosustentáveis em pano de fundo, a privatização de bens comuns tal como apontado por Hardt & Negri (2009) é intensificada pelas tecnologias de conexão e revestidas de euforia tecnológica apresentadas como única saída sustentável para o futuro do planeta. Percebe-se claramente que a privatização de bens comuns é potencializada neste processo francamente reconhecido como inovador pela sociedade e assimilado sem uma postura crítica e política cidadã. Portanto, esta pesquisa assume, entende criticamente e se instrumentaliza ativamente do potencial das tecnologias de conexão para discutir numa abordagem prática e cotidiana, técnicas, metodologias e políticas de empoderamento de práticas comunitárias, coletivas e cidadãs que livremente criam o bem comum contrapondo os recorrentes processos de privatização do comum.
 
O compartilhamento de espaços urbanos (praças, ruas, parques, rios, nascentes, etc.), objetos (coisas, ferramentas e infraestrutura) e práticas cotidianas, entendido aqui como recursos urbanos, tem se mostrado uma alternativa necessária para instrumentalizar o planejamento urbano contemporâneo. Como consequência, imaginamos que o compartilhamento destes recursos poderia indiretamente promover uma redução do consumo, trazendo resultados positivos num equilíbrio entre demanda e consumo, conquistando sistematicamente um equilíbrio social e econômico. Grandes empresas de tecnologias de conexão como a CISCO, Siemens, IBM, etc. juntamente com a governança pública tem desenvolvido e implementado soluções eficientes e notáveis aplicadas à arquitetura e ao urbanismo. Já podemos enumerar uma série de experiências práticas e soluções já implementadas e em funcionamento em algumas cidades que tem sugerido uma nova prática de planejamento e gestão urbanos. Esta nova prática sugere uma tendência a se pensar a cidade como uma espécie de arquitetura da arquitetura, uma solução a nível de metadesign que agencia indivíduos e coisas: edifícios, infraestrutura pública, sistemas de transporte, informação, conhecimento, cultura, saberes populares, consumo, etc. conectando-os aos indivíduos numa relação sistêmica e dinâmica própria do ambiente urbano vivo. Este agenciamento é a base de uma infraestrutura leve que faz a distribuição dos recursos. Sem infraestrutura e política de distribuição de recursos, não há otimização ou até mesmo uso do que é ou pode ser compartilhado. Ao identificar esta tendência de atuação prática de grandes empresas que convergem seu conhecimento e se dispõe à apresentar “soluções para as cidades” , pretendemos nesta pesquisa nos inserir criticamente e ativamente nesta prática. Do ponto de vista polítco, percebe-se que as iniciativas empresariais, indentificadas, mesmo quando vinculadas ao poder público, visam à reprodução de bens privados e a otimização de recursos em prol do aumento de lucros. Ainda que com motivações ecosustentáveis em pano de fundo, a privatização de bens comuns tal como apontado por Hardt & Negri (2009) é intensificada pelas tecnologias de conexão e revestidas de euforia tecnológica apresentadas como única saída sustentável para o futuro do planeta. Percebe-se claramente que a privatização de bens comuns é potencializada neste processo francamente reconhecido como inovador pela sociedade e assimilado sem uma postura crítica e política cidadã. Portanto, esta pesquisa assume, entende criticamente e se instrumentaliza ativamente do potencial das tecnologias de conexão para discutir numa abordagem prática e cotidiana, técnicas, metodologias e políticas de empoderamento de práticas comunitárias, coletivas e cidadãs que livremente criam o bem comum contrapondo os recorrentes processos de privatização do comum.
  

Edição das 12h37min de 31 de janeiro de 2015

Democratização

Não estamos discutindo democracia enquanto idéia pois estamos interessados mais numa ação processual que gere permita a transformação das idéias e a mutação constante das ações. Ou seja, um processo totalmente aberto, não controlado e não idealizado. A democracia idealizada no século XX trás uma série de conclusões e possibilidades muito bem pré-determinadas abertas a uma escolha coletiva. A democracia é então é como uma escolha de opções limitadas e fechadas do que já foi escolhido. Geralmente se dá por votação a legitimação deste processo democrático idealizado. Neste processo democrático idealizado, tudo é preparado antecipadamente por um pequeno grupo que escolhe e define o que o todo vai poder escolher. Logo, o poder de escolha do todo é limitado por um pequeno grupo. Trata-se de um processo fechado e de mão única. Não há retrocesso, não é possivel erros, não é possível mudar as regras no meio do processo. Se pensarmos em um processo democrático aberto, não idealizado, erros podem ocorrer, desvios de conduta, mudanças de regra e retrocesso nas decisões serão bem vindas e constantes. Mas é um processo


O compartilhamento de espaços urbanos (praças, ruas, parques, rios, nascentes, etc.), objetos (coisas, ferramentas e infraestrutura) e práticas cotidianas, entendido aqui como recursos urbanos, tem se mostrado uma alternativa necessária para instrumentalizar o planejamento urbano contemporâneo. Como consequência, imaginamos que o compartilhamento destes recursos poderia indiretamente promover uma redução do consumo, trazendo resultados positivos num equilíbrio entre demanda e consumo, conquistando sistematicamente um equilíbrio social e econômico. Grandes empresas de tecnologias de conexão como a CISCO, Siemens, IBM, etc. juntamente com a governança pública tem desenvolvido e implementado soluções eficientes e notáveis aplicadas à arquitetura e ao urbanismo. Já podemos enumerar uma série de experiências práticas e soluções já implementadas e em funcionamento em algumas cidades que tem sugerido uma nova prática de planejamento e gestão urbanos. Esta nova prática sugere uma tendência a se pensar a cidade como uma espécie de arquitetura da arquitetura, uma solução a nível de metadesign que agencia indivíduos e coisas: edifícios, infraestrutura pública, sistemas de transporte, informação, conhecimento, cultura, saberes populares, consumo, etc. conectando-os aos indivíduos numa relação sistêmica e dinâmica própria do ambiente urbano vivo. Este agenciamento é a base de uma infraestrutura leve que faz a distribuição dos recursos. Sem infraestrutura e política de distribuição de recursos, não há otimização ou até mesmo uso do que é ou pode ser compartilhado. Ao identificar esta tendência de atuação prática de grandes empresas que convergem seu conhecimento e se dispõe à apresentar “soluções para as cidades” , pretendemos nesta pesquisa nos inserir criticamente e ativamente nesta prática. Do ponto de vista polítco, percebe-se que as iniciativas empresariais, indentificadas, mesmo quando vinculadas ao poder público, visam à reprodução de bens privados e a otimização de recursos em prol do aumento de lucros. Ainda que com motivações ecosustentáveis em pano de fundo, a privatização de bens comuns tal como apontado por Hardt & Negri (2009) é intensificada pelas tecnologias de conexão e revestidas de euforia tecnológica apresentadas como única saída sustentável para o futuro do planeta. Percebe-se claramente que a privatização de bens comuns é potencializada neste processo francamente reconhecido como inovador pela sociedade e assimilado sem uma postura crítica e política cidadã. Portanto, esta pesquisa assume, entende criticamente e se instrumentaliza ativamente do potencial das tecnologias de conexão para discutir numa abordagem prática e cotidiana, técnicas, metodologias e políticas de empoderamento de práticas comunitárias, coletivas e cidadãs que livremente criam o bem comum contrapondo os recorrentes processos de privatização do comum.

Soluções de compartilhamento e distribuição de recursos condicionadas por tecnologias de conexão. Processos formativos que possam politizá-las inserindo em práticas cotidianas em situações de demandas reais.

O compartilhamento e a distribuição é feita tendo como base a democratização e a sensibilização da informação. Em processo constante de retroalimentação/feedback, a informação é coletada, distribuída e após um processo de politização coletiva retorna para o sistema alimentando novos processos em idéias e ações coletivas. É objetivo desta ação focar em três áreas de planejamento metropolitano estratégicos; 1. agricultura urbana; 2. moradia/habitação de interesse social; 3. lazer Deste modo busca-se: • observar e analisar criticamente com que grau de engajamento do cidadão, consegue-se compartilhar recursos urbanos considerando limitações políticas, técnicas, econômicas e culturais; • identificar e mapear os bens comuns essenciais à vida do sistema urbano no que tange a agricultura urbana, a moradia e o lazer; • territorializar/espacializar idéias e ações coletivas na RMBH fomentando processos de discussão e laboração de políticas urbanas; • promover processos educativos junto às comunidades e movimentos sociais de capacitação para uso e domínio das tecnologias de conexão garantindo a autonomia dos indivíduos no desenvolvimento e gestão das ferramentas digitais.