Agricultura Urbana na RMBH

De Indisciplinar
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Sobre a agricultura urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) A agricultura urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) vem subsidiar esta pesquisa com demandas práticas, reais e urgentes das comunidades e grupos sociais. Deste modo, buscamos nesta pesquisa colaborar com a construção de canais de expressão coletiva das experiências cotidianas e com a consolidação de espaços de diálogo de saberes relacionados à agricultura urbana na RMBH. Entendemos como oportuno utilizar as tecnologias de conexão como fortalecimento de espaços de diálogo e de afirmação das práticas e saberes relacionados à agricultura urbana que proporcionam novas ligações e ações conjuntas entre organizações e movimentos sociais e o contato direto entre pesquisadoras e pesquisadores atuantes na RMBH. Serão priorizados aqui três espaços e processos coletivos relacionados à agricultura urbana na RMBH dada a reciprocidade vivenciada entre cada um deles e a trajetória da pesquisa. Esta interação tem oportunizado uma relação direta com sujeitos comprometidos com a agricultura urbana, no âmbito das práticas cotidianas, da ação coletiva, da pesquisa acadêmica e das políticas públicas: Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana – AMAU (www.amau.org.br), o Grupo de Estudos em Agricultura Urbana – AUÊ! (http://aueufmg.wordpress.com) e o Projeto de Macrozoneamento da RMBH (http://www.rmbh.org.br/). As ações desenvolvidas por estes espaços e processos notadamente tem se retroalimentado, registrando-se um trânsito de pessoas e informações entre eles.


AMAU – Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana

A AMAU, um dos espaços de referência sobre a agricultura urbana na RMBH, foi criada a partir de um processo de levantamento de experiências de agricultura urbana e segurança alimentar na região, realizado pela Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE) em 2001. Durante o período de implementação do Programa Fome Zero pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que resultou em um contexto institucional favorável para o reconhecimento das práticas de segurança alimentar desenvolvidas pela sociedade civil e da importância de se aprofundar a discussão sobre a agricultura na RMBH, este levantamento alcançou uma maior repercussão. A AMAU surge, então, em 2004, como um espaço permanente de encontro, diálogo e auto-organização dos grupos envolvidos com as práticas de agricultura urbana. Como a Rede de Intercâmbio tem incorporada em sua estratégia de ação, a promoção da interação entre organizações da sociedade civil e a ampliação de espaços públicos de discussão sobre a agricultura urbana, desde então, sua trajetória e a trajetória da AMAU tem se retroalimentado e a REDE permanece como uma instituição chave na organização interna da AMAU. Ao longo dos últimos 10 anos, tem participado desta articulação uma diversidade de organizações da sociedade civil, como associações comunitárias; ONGs, pastorais sociais, movimento feminista, de luta pela terra e por moradia; coletivos de permacultura e alimentação saudável; empreendimentos de economia solidária e grupos comunitários informais, que há mais de quinze anos desenvolvem ações de agricultura urbana. A AMAU tem como objetivos: a) apoiar as iniciativas populares e fortalecer a organização das/os agricultoras/es da região metropolitana de Belo Horizonte; b) dar visibilidade às experiências de agricultura urbana e agroecologia existentes na região, mostrando a diversidade de atividades e espaços e as suas diferentes funções; c) aprofundar o debate político com diferentes setores da sociedade civil, poder público e academia sobre a integração campo-cidade, o papel da agricultura em regiões metropolitanas na construção de um projeto popular para o Brasil e a implementação de políticas públicas necessárias para o seu fortalecimento. Entre fevereiro de 2010 e novembro de 2013 mais de 30 organizações participaram dos encontros e atividades realizadas pela AMAU. No mesmo período, foram realizados 20 encontros da AMAU, com uma média de 40 participantes em cada e realizadas ações, como mutirões, oficinas, intercâmbios, participação em eventos e cursos de formação que abordaram dimensões políticas, metodológicas e tecnológicas da agricultura urbana e chegaram a envolver diretamente mais de 500 participantes de aproximadamente 08 municípios da RMBH. Atualmente a AMAU está organizada internamente em cinco comissões de trabalho: 1) agrobiodiversidade; 2) produção, comercialização e consumo; 3) auto-organização das mulheres; 4) plantas medicinais e 5) permacultura. Representantes de cada uma das comissões e de algumas entidades de apoio se revezam em uma coordenação ampliada que tem por função organizar os encontros e demais atividades e garantir que os encaminhamentos definidos nestes momentos sejam efetivados. Nas atividades promovidas pela AMAU, observa-se que a participação de organizações com diferentes inserções na sociedade possibilita que neste coletivo se expressem múltiplos referenciais conceituais e posicionamento políticos, como soberania e segurança alimentar, feminismo, reforma urbana, reforma agrária, saúde coletiva, justiça ambiental, economia solidária; indicando a agricultura urbana e a agroecologia como uma alternativa de convergência de atuação entre organizações do campo e da cidade da região. Neste processo de conhecimento mútuo, que tem permitido identificar o que une e o que separa cada organização e definir possíveis alianças, tem-se observado uma intensa troca de saberes; uma disposição para conviver com a diferença; e a ampliação das perspectivas de politização de práticas cotidianas realizadas por pessoas que até então não se encontravam inseridas em processos coletivos. A trajetória da AMAU resultou na construção de uma agenda política e uma pauta de reivindicações que orientam o diálogo com outros movimentos, fóruns e redes da sociedade civil e apresentam propostas concretas para a formulação e implementação de políticas públicas intersetoriais direcionadas às três esferas federativas e demandam e um canal de participação direto e efetivo da sociedade civil para o monitoramento destas políticas. Um aporte significativo na definição dos princípios políticos e metodologia de ação da AMAU tem origem no movimento agroecológico, que tem como um canal de expressão coletiva no âmbito federal a Articulação Nacional de Agroecologia e no âmbito estadual, a Articulação Mineira de Agroecologia. As conexões entre estes espaços apontam novas perspectivas de superação de uma visão dicotômica da relação campo-cidade que tem orientado muitos movimentos e organizações sociais com uma relevante trajetória de atuação no campo agroecológico e da reforma agrária e esboçam a construção de uma agenda política comum entre organizações do campo e da cidade. Renovam o interesse em experimentar inovações na mobilização social e na organização de base e revalorizam sujeitos e suas práticas até então tidos como residuais e deslocados dos contextos urbano, como possíveis protagonistas de respostas para questões importantes no mundo contemporâneo. Como participantes ativos da criação e organização da AMAU temos acompanhado as conquistas e entraves encontrados ao longo dos seus 10 anos de existência. Em diálogo com a coordenação ampliada da AMAU, foram definidas algumas demandas prioritárias da Articulação que tem articulado esta militância anterior com a dinâmica atual da pesquisa: contribuição com o registro da memória da AMAU, caracterização das experiências dos participantes da Articulação, construção de uma plataforma colaborativa para o mapeamento das práticas agrícolas na RMBH.


AUÊ! - Grupo de Estudos em Agricultura Urbana

O AUÊ! - Grupo de Estudos em Agricultura Urbana foi criado em março de 2013, inserindo-se em uma trajetória de iniciativas de ensino, pesquisa e extensão já realizadas no âmbito da UFMG. O grupo propõe abordar a relação da agricultura agricultura urbana com diferentes campos de investigação, como o planejamento urbano, a agroecologia, espaço público cotidiano, questão ambiental urbana, conflitos socioambientais, questão agrária, organização popular, a segurança alimentar, economia popular, dentre outros. A consolidação de um espaço de referência em estudos e pesquisa sobre a agricultura urbana na UFMG visa agregar pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação e representantes de experiências populares, movimentos sociais e órgãos públicos interessados em pensar a cidade a partir dos espaços não construídos, da periferia metropolitana, dos saberes cultivados na relação com a natureza presente no espaço urbano. A reciprocidade estabelecida entre a condução da pesquisa e este ambiente inovador tem criado uma conjunção favorável para a construção coletiva de uma abordagem conceitual e metodológica que possibilite aproximações à agricultura urbana a partir de perspectivas distintas e complementares. De modo semelhante, tem contribuído para a construção de uma compreensão teórica comum entre questões e conceitos que emergem de campos disciplinares específicos, como a agroecologia; o planejamento urbano; as formas de uso da terra e acesso à terra; a questão ambiental; a segurança alimentar; dentre outros. Ainda que o AUÊ! se encontre vinculado institucionalmente ao Instituto de Geociências (IGC), suas atividades têem envolvido a colaboração de membros de outras unidades da UFMG e externos à instituição. São objetivos do grupo: a) socializar informações e resultados de pesquisas realizadas e produzir conhecimento aprofundado sobre a agricultura urbana e a agroecologia em regiões metropolitanas; b) ampliar o debate crítico sobre a agricultura urbana e proporcionar uma maior interlocução entre o trabalho intelectual e político de representantes de experiências populares, gestores públicos e pesquisadoras/es; c) contribuir para a visibilidade e potencialização de iniciativas relacionadas à agricultura na RMBH, como a formulação e monitoramento de políticas públicas e ações coletivas realizadas por organizações e movimentos sociais.


Ao longo de 2013 o grupo estabeleceu uma dinâmica de rodas de conversas mensais, que abordaram a temática da agricultura urbana a partir de diferentes pontos de vista. A participação de profissionais, professores/as, alunos/as de graduação e pós-graduação dos cursos de sociologia, geografia, arquitetura, biologia, economia, design, belas artes, relações econômicas internacionais, agronomia, nutrição, geologia, turismo e direito permitiu perceber interfaces da temática com diferentes campos disciplinares. A presença de gestores públicos e representantes de iniciativas populares, organizações, movimentos e redes sociais que já desenvolvem ações que dialogam com a temática da agricultura urbana nestas atividades possibilitou o reconhecimento de conexões importantes entre pautas e agendas políticas relevantes no contexto brasileiro. A apresentação de trabalhos realizados na Argentina, Espanha, Itália e França assinalou pontos comuns e particularidades entre os países do norte e do sul global e indicou possibilidades de ampliação de relações institucionais da UFMG com outras iniciativas de pesquisas sobre a agricultura urbana realizadas nestes países. Ao todo, foram 175 participações e 92 pessoas envolvidas nos encontros. Além das rodas de conversa, no segundo semestre de 2013, o grupo iniciou uma dinâmica de encontros sistemáticos para uma melhor coordenação de atividades de pesquisa e maior aprofundamento dos estudos que envolveu aproximadamente 15 pessoas. Outra linha de ação em curso envolve a criação e manutenção de construção de uma plataforma virtual para divulgação dos resultados dos trabalho do grupo e socialização de eventos, notícias e bibliografias relacionadas à agricultura urbana (http://aueufmg.wordpress.com/). No segundo semestre de 2013, buscando ampliar as condições para a realização de suas atividades de pesquisa e extensão, o AUÊ! elaborou e teve aprovados projetos apresentados para o Edital da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG (Cultivando outra cidade: experiências e cartografias sociais da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana – AMAU) e para a Chamada MCTI/MAPA/MDA/MEC/MPA/CNPq No 81/2013 (Metrópole em transição: implantação do Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica/UFMG na Região Metropolitana de Belo Horizonte). A aprovação dos projetos permitiu a contratação de oito bolsistas a partir de março de 2014, inaugurando uma nova etapa de atuação do grupo e sua consolidação. O processo de elaboração dos projetos, que tiveram suas atividades iniciadas em março de 2014, envolveu a construção de parcerias (AMAU, Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, EMATER, EPAMIG, Grupo Aroeira); a definição de coordenadores diferentes para cada projeto aprovado; e a participação de professores e alunos de campos disciplinares diferentes. Dentre as ações previstas se encontram a cartografia social das experiências da AMAU (de modo mais específico) e das práticas agrícolas da RMBH, a oferta de cursos e oficinas, a produção de publicações, dentre outras. Apesar do curto tempo de existência, a intensidade das atividades do AUÊ! nos últimos 12 meses e a pluralidade de diálogos estabelecidos, sinalizam a pertinência e a repercussão deste espaço e da agricultura urbana como um tema de interesse em esferas intelectuais e políticas da RMBH.