ProEXT 2016 - IND.lab

De Indisciplinar
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Introdução

Identificação da Ação

 Título: IndLab_Laboratório Nômade do Comum
 Coordenador: Natacha Rena / Outro
 Tipo da Ação: Programa
 Ações Vinculadas: não existem ações vinculadas
 Edital: Edital PROEXT 2016
 Instituição: UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
 Início Previsto: 01/01/2016
 Término Previsto: 31/12/2017
 Recurso Financeiro: R$ 295.830,00
 Órgão Financeiro:		 
 Gestor:

Detalhes da Ação

 Carga Horária Total da Ação: 10191 horas
 Justificativa da Carga Horária:		 
 Periodicidade: Anual
 A Ação é Curricular?: Sim
 Abrangência: Municipal
 Tem Limite de Vagas?: Não
 Local de Realização: Escola de Arquitetura da UFMG, ocupações urbanas e comunidades de BH e RMBH.
 Período de Realização: 01/01/2016 a 01/01/2018
 Tem inscrição?: Não

Público-Alvo

Tipo/Descrição do Público-Alvo:

Das nossas maiores motivações é a oportunidade de trabalhar com o público alvo desse projeto, que são os moradores das favelas, aglomerados e ocupações comunitárias da região metropolitana de Belo Horizonte. Conforme já constatado nos trabalhos realizados nessas comunidades elas são integradas, majoritariamente por jovens, negros, grande presença de mulheres e idosos, além de pessoas com deficiência motora ou psíquica e que encontram uma série de obstacúlos para a concessão de seus direitos fundamentais, devido à sua condição de moradia precária e a opressão encarada cotidianamente. Destacamos que nesse projeto contamos com a participação dos beneficiários em todas suas etapas, seja na articulação, organização e execução, de forma que o projeto será construído de forma ativa e participativa pela comunidade. Contaremos com mobilizadores sociais que residam nesses espaços para desenvolvermos um trabalho em consonância com a realidade das comunidades e de forma a propiciar seu maior envolvimento, por meio de visitas-convite, diálogos e intervenções prévias. A construção dessas comunidades foram frutos da luta das famílias pelo acesso à direitos fundamentais, notadamente o da moradia, de forma que a luta social e o envolvimento político em conjunto com os movimentos sociais de Belo Horizonte já faz parte do histórico de vivências dessas comunidades. Ao reinvindicar o direito à moradia e exigir o respeito a uma vida digna, por meio de sua mobilização e do apoio de movimentos sociais, ONGS, Universidades, artistas e autônomos tem conseguido o avanço de uma mesa de negociação junto ao judiciário visando a solução pacífica do conflito. Assim, essas comunidades já se encontram envolvidas com a dinâmica dos apoios que recebem de diferentes setores, existe, inclusive a Av. dos Estudantes em diversas ocupações, homenagem ao apoio oferecido por muitos discentes, especialmente da UFMG. Destacam-se os projetos ‘Formação da Rede de Apoio à Criança e Adolescência da ocupação Guarani Kaiowa’, aprovado pela Fundação Luterana Diaconal e o Resiste Isidoro, junto às ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória desenvolvido pelo integrantes dos movimentos sociais que fazem parte desse projeto, além do próprio grupo de pesquisa Indisciplinar que protagonizará essa execução Algumas das pessoas envolvidas nesse trabalho acompanham as ocupações há alguns anos, desenvolvendo forte relação política e lações de confiança junto às famílias e principalmente junto às mulheres que se destacam como coordenadoras comunitárias. Assim estimulamos a solidariedade, a sororidade, atividades sustentáveis, enfim, os laços comunitários. Destaca-se que esse projeto é desenvolvido junto à famílias em comunidades que encontram, diuturnamente, seus direitos humanos fundamentais ameaçados e violados. Além de conviverem com a ameaça do despejo e abusos de autoridade por parte da Polícia Militar, as famílias das ocupações urbanas tem acesso precário desde à rede de esgoto e até para conseguir um emprego formal. Isso sem falar nas violações ao acesso à educação e saúde, deparando-se com a negativa de atendimento médico e matrícula escolar na região, tendo, assim, precarizado à acesso à direitos fundamentais para o consecução da dignidade da pessoa humana. Por desenvolvemos o projeto em conjunto com esse público em uma perspectiva de empoderamento, responsabilização e trabalho-cooperado, potencializa não só o desenvolvimento de autonomia e consciência crítica mas é exercício impressindível à formação acadêmica integral. E o mais importante, não iremos importar uma cultura em uma realidade que desconhecemos mas daremos as ferramentas e os meios necessários para a manifestação legítima dessas ocupações urbanas. A necessidade do acesso à informação e do desenvolvimento dos mecanismos de cultura e mídia livre popular foi que deram inicio a esse projeto totalmente inovador que busca semear um solo fértil para que a juventude da comunidade tenha instrumentos para florescer seu potencial e expressar seus pensamentos, sentimentos e necessidades; expor seu posicionamento e fazer valer seus direitos.

Número Estimado de Público:

8092

Discriminar Público-Alvo:

A B C D E Total
Público Interno da Universidade/Instituto 0 0 0 0 0 0
Instituições Governamentais Federais 2 11 8 0 1 22
Instituições Governamentais Estaduais 0 0 0 0 0 0
Instituições Governamentais Municipais 0 0 0 0 0 0
Organizações de Iniciativa Privada 0 0 0 0 0 0
Movimentos Sociais 0 0 0 0 40 40
Organizações Não Governamentais (ONGs/OSCIPs) 0 0 0 0 10 10
Organizações Sindicais 0 0 0 0 0 0
Grupos Comunitários 0 0 0 0 20 20
Outros 0 0 0 0 8.000 8.000
Total 2 11 8 0 8.071 8.092

Legenda: (A) Docente (B) Discentes de Graduação (C) Discentes de Pós-Graduação (D) Técnico Administrativo (E) Outro

1.4 Parcerias

Nome Sigla Parceria Tipo de Instituição/IPES Participação Espaço Comum Luiz Estrela ECLE Externa à IES Outros Artistas e produtores culturais engajados com as causas das manifestações políticas e luta por direitos, fornecendo apoio estratégico e técnico. Além disso, o espaço físico será utilizado e... Centro de Cooperação Comunitária e Popular - ... Casa Palmares Interna à IES Associação x Brigadas Populares BPs Externa à IES Movimento Social Articulação e mobilização Comunitária, elaboração de tecnologias sociais visando o desenvolvimento humano junto à famílias em áreas de extrema marginalização social, fornecendo apoio est...

1.5 Caracterização da Ação

Área de Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas , Arquitetura e Urbanismo , Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
Linha Temática: Linha 17: Ciência, tecnologia e inovação para a inclusão social
Subtema 1: 4.17.5 Tecnologias Sociais

1.6 Descrição da Ação

    Resumo da Proposta:		O IND.LAB - Laboratório Nômade do Comum é associado ao Grupo de Pesquisa INDISCIPLINAR cujas ações são focadas na produção do espaço urbano. Ele desenvolve cartografias colaborativas envolvendo comunidades em estado de vulnerabilidade social como Vilas e Favelas, Ocupações e regiões alvos de processos gentrificatórios, assim como atua junto a movimentos sociais, culturais e ambientais. A dimensão do Comum é a ideia norteadora de suas práticas, bem como elemento articulador de sua composição e atuação. Atualmente, integra a rede Tecnopolíticas: territórios Urbanos e Redes Digitais, que conecta pesquisadores de todo o mundo e investiga a aplicação das tecnologias digitais de comunicação aos processos de produção do espaço urbano, produzindo conhecimento e explorando tecnologias sociais que promovem a interseção entre esses dois universos. As atividades do IND. LAB compreendem, indissociadamente, teoria e prática, atividades de ensino, pesquisa e extensão e experiências diversas, em uma abordagem transversal e indisciplinar, buscando uma experiência criativa e desierarquizada do espaço urbano. Acreditando na copesquisa cartográfica como método de investigação engajado e militante, suas estratégias de ação propõem a geração de tecnologia social como publicações, cartografias críticas e ativismo urbano, participando de vários movimentos da sociedade civil organizada e de Conselhos, Fóruns, Comissões junto ao poder público, reuniões em comunidades, movimentos de resistência, produção cultural, representações em Ministério Público, qualificação para debate em audiências públicas e formação de redes colaborativas de pesquisas. Os projetos que compõem este programa são: MAPEANDO O COMUM: CARTOGRAFANDO A CULTURA MULTITUDINÁRIA CARTOGRAFIAS EMERGENTES; COMPARTILHAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO COMUM; ARTESANIAS DO COMUM.
    Palavras-Chave:		comum, cartografia, tecnologia, inclusão, social
    Informações Relevantes para Avaliação da Proposta:		TECNOPOLÍTICAS: Territórios Urbanos e Redes Digitais é uma rede de pesquisa de alto impacto científico e social voltada a investigar a aplicação das tecnologias digitais de comunicação aos processos de produção do espaço urbano. Pretende-se produzir conhecimento e explorar tecnologias que promovam a interseção entre as redes digitais e as dinâmicas espaciais urbanas. Compreende-se que estas tecnologias conformam, atualmente, parte indissociável da experiência e da organização das metrópoles contemporâneas, promovendo a fusão da sua dimensão físico-territorial com a das redes digitais. Partindo de um contexto de urbanização crescente, que alcança até mesmo os recônditos rurais e selvagens, a expansão da tecnologia informacional e das condições de conectividade vem transformando a vivência destes territórios e se integrando às suas infraestruturas com intensidade sem precedentes. No entanto, não se observa uma incorporação correspondente desses mesmos recursos nos instrumentos de planejamento das cidades, sobretudo no que concerne ao fortalecimento do diálogo entre os seus habitantes e o poder público. Portanto, pretende-se investigar/produzir tecnologia social aplicada a políticas públicas urbanas nos mais diversos níveis: mobilidade, moradia, lazer, cultura, economia, agroecologia, etc. Sendo assim, este Programa Ind.Lab_ Laboratório nômade do Comum propõe o desenvolvimento colaborativo de tecnologia social aberta e reaplicável, baseando-se em iniciativas como o movimento open source (software livre) ou peer to peer (entre pares) que promovem o livre compartilhamento de conhecimento a partir de novos modelos de licenciamento de conteúdo. Acredita-se que a ampla disseminação da informação produzida pelo é premissa fundamental para sua contribuição efetiva às práticas de desenvolvimento urbano sustentável no país. Os movimentos de insurgência popular que ganharam visibilidade a partir de junho de 2013, no Brasil, articularam-se prioritariamente em torno de pautas urbanas sinalizando grande insatisfação com os mecanismos de participação e de representação disponíveis para abordar tais questões. A partir daí, começa a estruturação de uma rede de pesquisadores jovens, já imbuídos de pensar propostas para uma sociedade mais plural e democrática, que associa núcleos de pesquisa e extensão das universidades a coletivos artísticos ou midialivristas e a movimentos sociais diversos. Acredita-se que é urgente aliar o que há de mais avançado na investigação em tecnologia da informação à pesquisa urbana em sua dimensão multidisciplinar – reunindo arquitetos, urbanistas, geógrafos, economistas, sociólogos, designers, biólogos etc. – em busca da criação de dispositivos tecnopolíticos para a atuação nas metrópoles. Pretende-se, a partir dessa produção, auxiliar não somente as comunidades e os grupos organizados da sociedade civil, mas também o Estado, na constituição de plataformas colaborativas que dêem suporte a processos de participação mais eficazes. Iniciativas como o Marco Civil da internet demonstram que o Brasil está na vanguarda das políticas públicas para as redes digitais, revelando uma necessidade de se formar grupos de investigação de excelência na área das tecnopolíticas e de ampliar seu alcance para a esfera do planejamento urbano envolvendo universidades, Estado e sociedade. Além dos núcleos de pesquisa e dos programas de pós-graduação integrantes, pretende-se fortalecer essa rede através de parcerias com grupos internacionais, consolidando e ampliando uma rede já existente que vem produzindo conhecimento no âmbito das tecnopolíticas urbanas de maneira sistemática e transversal. Destaca-se a atuação conjunta dos membros desta proposta em iniciativas de pesquisa, de extensão, da participação em eventos científicos, e da organização de workshops em território nacional e internacional, além da compreensão de que é necessário fortalecer uma rede ibero- americana com ênfase na América Latina. Grupos de pesquisadores que pertencem a esta rede vêm investindo fortemente na produção de tecnologia social afim de ampliar a democracia real nas metrópoles e promover a inclusão social e uma maior autonomia da sociedade, são eles: P2P Foundation (coordenado por Michael Bawens), IN3 (Coordenado por Castells e ligado ao 15M); Urbano Humano (coordenado pelo arquiteto Domenico de Siena, pesquisador do urbanismo tático); Labic da Ufes, especialistas em topologia de rede; MediaLab da UFRJ, que trabalham com cartografias das controversas.

1.6.1 Justificativa

    Os problemas trazidos pelo crescimento exponencial das metrópoles e pela concentração de renda nas mãos de poucos são evidências de um sistema capitalista que promove a exclusão econômica e social. Por toda parte, e notadamente nos territórios em que vamos desenvolver as atividades, surgem problemas que passam pela ineficiência no abastecimento de água, de energia, de infraestrutura mínima de mobilidade, saúde, segurança e educação.

Se o capitalismo, até a década de 1970, teria um caráter industrial, no qual a exploração da vida se dava na fábrica, a partir deste momento, com a expansão capitalista em sua formação global, ele avança sobre todo o globo num ciclo contínuo. Enquanto a fábrica era o território primordial para a exploração da mais-valia, atualmente este lugar é toda a metrópole. 'A metrópole é para a multidão o que a indústria era para a classe trabalhadora.'(Hardt & Negri, 2009, p. 250).

Dentro da lógica do capitalismo contemporâneo, próprio das metrópoles, detém-se biopoliticamente cada vez mais o poder sobre a vida. Contudo, a esta visão da biopolítica, pode-se contrapor a noção da biopolítica como um contra-poder. Hardt e Negri (2005) o denominam multidão: um poder contra o Império, o qual Pelbart identifica como biopolítica da multidão, ou biopotência (Pelbart, 2003).

É possível enxergar no poder político da multidão (corpo biopolítico coletivo, heterogêneo e multidirecional) uma biopotência que produz e é produzida pelas fontes de energia e de valor capitalizadas pelos modos de produção globalizados. Diante do poder virtual inerente à multidão, vislumbram-se novas possibilidades de se subverter o Império e superá-lo, tirando partido do caldo biopolítico que ele próprio incentiva, através de processos de produção e de trabalho realizados por subjetividades coletivas, como as tecnologias propostas a por meio deste projeto.


1.6.1.1. MAPEANDO O COMUM: CARTOGRAFANDO A CULTURA MULTITUDINÁRIA CARTOGRAFIAS EMERGENTES

O crescimento vertiginoso dos territórios urbanos – que devem abrigar mais de dois terços da população mundial até 2050 (ONU, 2014) – coloca a vida nas metrópoles no centro das questões pertinentes às sociedades contemporâneas.Paralelamente, vivencia-se a crescente expansão das tecnologias digitais de comunicação e sua consequente integração ao cotidiano das cidades, como elementos codependentes e indissociáveis da dimensão físico-territorial. A incorporação de recursos computacionais ao ambiente urbano acontece de maneira ampla, abrangendo desde softwares voltados prioritariamente ao objeto arquitetônico e urbanístico, às chamadas “cidades inteligentes” (smart cities), que exploram a informática em busca de maior eficiência energética, de sustentabilidade e de concorrência no mercado global. Sua infiltração gradativa transforma as maneiras pelas quais o espaço é experimentado, modificado e representado, fazendo com que, nas grandes cidades, o universo físico e o informacional se associem tão profundamente que não faça mais sentido analisá-los isoladamente.

Se por um lado a associação entre desenvolvimento tecnológico, produção cultural e dinâmica territorial resulta, muitas vezes, na perpetuação de processos orientados pelo consumo e pelo espetáculo, pode se observar, em contrapartida, oportunidades para a aplicação desses recursos em iniciativas de mobilização cidadã, de cooperação intelectual e de livre disseminação do conhecimento, que revelam seu potencial democratizante quando articulados de novas maneiras. Enquanto os mecanismos biopolíticos permitem que o trabalho em rede invada todos os momentos da vida – borrando os limites com o tempo de lazer e se infiltrando ao cotidiano de maneira difusa –, por outro lado, segundo Pelbart, são esses mesmos instrumentos que possibilitam “novas modalidades de insubmissão, de rede, de contágio, de inteligência coletiva”: a Biopotência (PELBART, 2011, p. 84). O autor sugere que a força desterritorializante que subsume a sociedade ao capital, ao invés de tudo dominar, cria, paradoxalmente, um meio não domesticável de pluralidade e de singularização.

Dentre os inúmeros exemplos de ferramentas desenvolvidas como iniciativas de urbanismo entre pares, ou open source, são de particular interesse para essa pesquisa aquelas que possam ser agrupadas na categoria de cartografias colaborativas. Ou seja, propostas que têm como base a produção coletiva de mapas compartilhados em rede, a partir do uso das tecnologias de georreferenciamento. A consolidação desses instrumentos resultou na criação de uma série de plataformas que permitem aos habitantes das cidades mapear acontecimentos, recursos e localidades urbanas das mais variadas naturezas: bicicletários e ciclovias; banheiros públicos; casas sob ameaça de despejo; festas; equipamentos culturais; locais de assaltos; manifestações políticas, ou qualquer outro tipo de situação imaginável. Esses mapas fornecem informações úteis e constantemente atualizadas sobre o contexto urbano. Muitas vezes, as interfaces possuem mecanismos interativos que conectam usuários entre si, ou que os conectam à administração pública, como será demonstrado em exemplos a seguir. Conforme defendido por Sassen (2013), ao se abrirem para a colaboração, sistemas de gerenciamento das cidades, usualmente centralizados e hierárquicos, passam a ser afetados por novas camadas de informação às quais costumam ser impermeáveis.

No entanto, compreende-se a potência dessas iniciativas para muito além de suas propriedades funcionais, uma vez que se parte do pressuposto de que a cartografia é dispositivo fundamental para a representação das relações de conhecimento e de poder, usada historicamente para legitimar políticas e ações de grupos dominantes e para influenciar a apropriação e a percepção territorial. Trata-se de ferramenta capaz de agenciar grandes quantidades de informação gráfica a partir da espacialização dos dados advindos da observação ou da ação na realidade, e de sua concretização em diversos níveis. A abertura dessa produção aos múltiplos atores que compõem o cotidiano das metrópoles configura um processo democrático de construção colaborativa das narrativas espaciais, tornando-se dispositivos que “vazam” sabedoria local e cotidiana, desestabilizando estruturas verticalizadas e originando relações novas e surpreendentes, pautadas por instituições mais porosas à colaboração cidadã (Sassen: op. cit.). Recupera-se a noção de Certeau sobre mapas que se assemelham mais a “livros de história” do que a “sistemas de lugares geográficos” (1994, p. 17). A cartografia não é vista apenas como meio de representação, mas como método constituinte de territórios, tática que dá forma ao desejo coletivo em relação à cidade e insere no espaço novas camadas da sua experiência. Portanto, mapear os comuns urbanos envolvendo movimentos sociais e culturais, vem sendo uma importante metodologia de organização das lutas contra os avanços do neoliberalismo. Participa-se do projeto do espanhol Pablo de Soto denominado Mapping the common e tem-se desenvolvido diversas ações que derivaram do workshop organizado em Belo Horizonte: http://mappingthecommons.net/pt/mondo/

Também tem sido de grande importância a Cartografia da Cultura multitudinária que faz surgir no mapa, movimentos sociais e culturais que normalmente estão invisívels nos mapas turísticos e tradicionais. Dar visibildade a projetos que possuem caráter político e transformador da sociedade promovendo inclusão social e uma sociedade mais justa, tem sido objetivo desta pesquisa extensionista que o Indisciplinar desenvolve. Justifica-se também que é preciso ocupar os mapas! Para maior informação sobre este projeto que será desdobrado neste Programa: https://www.facebook.com/mapaculturabh?fref=ts


1.6.1.2 COMPARTILHAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO COMUM

Compreendendo que a tecnologia conforma atualmente parte indissociavel da experiencia e organização das metrópoles e partindo da observação de que não existe uma incorporação correspondente desses mesmos recursos nos instrumentos de planejamento das cidades que fortaleça o diálogo entre os os habitantes da cidade e o poder público, faz-se necessário a investigação e produção de tecnologia social aplicada à políticas públicas de modo que haja uma aproximação dessas duas instancias em diversos níveis como mobilidade, moradia, lazer, cultura, economia,etc.,desenvolvendo colaborativamente teconologia social aberta e reaplicável, disseminando a informação produzida por todo o teritório.

Os movimentos de insurgência popular que ganharam visibilidade a partir de junho de 2013, no Brasil, articularam-se prioritariamente em torno de pautas urbanas sinalizando grande insatisfação com os mecanismos de participação e de representação disponíveis para abordar tais questões. Acredita-se que é urgente aliar o que há de mais avançado na investigação em tecnologia da informação à pesquisa urbana em sua dimensão multidisciplinar – reunindo arquitetos, urbanistas, geógrafos, economistas, sociólogos, designers, biólogos etc. – em busca da criação de dispositivos tecnopolíticos para a atuação nas metrópoles.


1.6.1.3 ARTESANIAS DO COMUM

Segundo relatório das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a América Latina apresenta índices que apontam a diminuição da pobreza, mas o Brasil, contraditoriamente, se torna a sexta maior economia do mundo e o quarto país mais desigual do continente, atrás da Colômbia, que é o terceiro país mais desigual. Este mesmo relatório projeta que a taxa de população urbana chegará a 89% em 2050 e que o índice de urbanização brasileira, além de ser o maior em toda a América Latina entre 1970 e 2010, revela 86,53% da população vivendo nas cidades. Belo Horizonte está entre cinco outras cidades brasileiras que possuem a pior distribuição de renda em toda a América Latina. No país, 28% da população mora em comunidades com infraestrutura precária e a grande maioria em situação informal. O índice de moradores de favelas no Brasil é de 26%, ou seja, mais alto do que a média latino-americana. O relatório da ONU-Habitat ressalta também que apesar dos desafios para desenvolver as cidades, a América Latina está prestes a viver um novo ciclo de transformação urbana, com objetivo de garantir a melhoria da qualidade de vida nas cidades, mas o grande desafio é a criação de instrumentos para combater as desigualdades nas regiões metropolitanas, sobretudo instrumentos que sejam construídos de maneira colaborativa e diversificada.

As ocupações urbanas surgiram num contexto de reivindicação de direitos fundamentais. Nesse sentido, umas das principais demandas da comunidade foi colocada como a questão da democratização da comunicação e da cultura. Percebeu-se que um dos principais problemas para a efetivação dos direitos diz respeito ao acesso e à difusão de informações e de conhecimentos qualificados pelos moradores, que apontaram como maiores obstáculos que enfrentam a violação de direitos humanos pela violência estatal e a polícia, e a questão da comunicação e da cultura. Por essa razão se faz tao importante o desenvolvimento de um meio de comunicação livre, auto gestionado e emancipador de mecanismos hegemônicos.

A situação de deficit habitacional, precariedade de acesso à serviços públicos e alto índice de criminalidade na região metropolitana de Belo Horizonte, segunda pesquisas da Fundação João Pinheiro e IBGE estão entre as maiores do Brasil. Nesse diapasão, no decorrer do trabalho desenvolvido nas ocupações pelos movimentos sociais com os quais desenvolvemos o projeto em conjunto, (como é o caso do Resiste Isidoro https://www.facebook.com/profile.php?id=515450615267587&fref=ts) se percebeu um problema estrutural referente à cultura e comunicação que possui dupla dimensão: a primeira se refere ao precário acesso dos moradores a informação qualificada e a conhecimentos em diversas áreas (política, social, jurídica, educacional), considerando o cenário de marginalização que enfrentamos; a segunda diz respeito à difusão das iniciativas culturais e experiêncas das próprias comunidades e ocupações.

Nesse sentido, o projeto é uma forma de empreender a Universidade em uma iniciativa única na qual vai-se de frente a uma demanda apresentada pelas comunidades em áreas com alto grau de vulnerabilidade social, ao mesmo tempo em que A Universidade desenvolve um trabalho com tecnologia de ponta, portanto, além de capacitar o corpo discente para atuação em uma perspectiva inédita na Univeridade, empodera os moradores das ocupações visando a melhoria da vida comunitária e a construção do acesso e difusão a uma cultura comum. Reconhecendo a indissossiabilidade do sistema de ensino integral, valorizando a pesquisa, o ensino e a extensão, esse projeto se apresenta como oportunidade ímpar de valorar e aplicar esses pilares da Universidade transformando vidas e gerando mudanças tanto fora quanto dentro da Universidade abrindo suas portas para um novo criar cultural.

1.6.2 Fundamentação Teórica

Neoliberalismo e a Metrópole

As políticas públicas neoliberais, impostas pelo Estado-capital sobre o território urbano, configuram evidências claras de como a cidade vem se tornando um palco de disputa territorial. Se a fábrica configurava o campo de exploração do trabalho até os anos 70, atualmente o Estado-capital extrai a mais-valia em todo o espaço. Em tempos de capitalismo cognitivo, no qual a tendência da produção cotidiana no mercado vem construindo redes de trabalho voltadas para setores criativos e sociais, as biopolíticas implementadas vão consolidando uma dinâmica de produção do espaço complexa, realizando processos de exclusão social em diversos níveis. Compreender estas as novas estratégias de políticas territoriais é fundamental para mapearmos os campos de luta mais importantes nas nossas cidades.

Segundo Hardt e Negri, num texto intitulado Metrópoles, a metrópole é para a multidão o que a fábrica era para a classe operária industrial, o que poderia nos induzir a pensar nas metrópoles como territórios conectados nos quais as ações biopolíticas e de controle dos corpos e das espécies se dão com maior intensidade. Ao mesmo tempo, poderíamos pensá-las como o lugar no qual a biopolítica das resistências primeiras são também potentes, possibilitando encontros que, apesar de todas as estratégias para evitá-los, se dão com maior ênfase em processos constantes de contaminação.

O sistema capitalista global contemporâneo, que conecta indissociadamente Estados e empresas, pode ser também denominado de Império ou neoliberalismo. Diferente do capitalismo fordista, no qual a mais-valia era prioritariamente explorada via a força de trabalho nas fábricas, atualmente se dá via capital em expansão dirigindo a exploração para todo o território metropolitano, dentro e fora das fábricas. O tempo do trabalho envolvido na produção do capitalismo industrial que referia-se ao tempo da jornada oficial das leis trabalhistas atualmente ocupa todo o tempo de nossas vidas. A exploração capitalista atual passa pela captura dos desejos e neste sentido todo um sistema simbólico abduz a subjetividade e nos torna trabalhadores e consumidores obedientes, dentro de um sistema capitalista financeiro, assistimos ao surgimento de um novo homem: o homem endividado. Além de vermos configurar (via Estado-capital) a construção de sujeitos dóceis (próprios da sociedade disciplinar em que o controle incidia – e ainda incide – diretamente sobre os corpos), estamos imersos em práticas de controle mais sutis e flexíveis, uma tomada da subjetividade que nos torna controlados biopoliticamente.

Esta transição para o Império e seus processos de globalização e mundialização conexionista, nos oferece novas possibilidades de redes insurgentes que possibilitam a ampliação das lutas pela libertação, tecendo uma nova forma de luta que envolve o que chamam de multidão. Para os pensadores estas forças criadoras da multidão que sustentam o Império são capazes também de constituir “um Contra-império, uma organização política alternativa de fluxos e intercâmbios globais. Os esforços para contestar e subverter o Império, e para construir uma alternativa real, terão lugar no próprio terreno imperial.” (HARDT & NEGRI, 2001, p:12-15).

A lógica das gestões das cidades contemporâneas, tanto no mundo quanto no Brasil, seja nos governos de esquerda, seja nos governos de direita, é a lógica da cidade-empresa, da especulação imobiliária, da gentrificação (enobrecimento e expulsão dos pobres que não conseguem viver mais nas áreas valorizadas), das políticas de revitalização (substituindo vidas pobres por vidas ricas e turismo), das intervenções utilizando equipamentos culturais (museus, bibliotecas, salas de música e afins), do planejamento estratégico que faz surgir novas centralidades urbanas para que o capital se expanda para novos territórios e possa fazer circular recursos dentro do sistema empreiteiras-bancos. Estas lógicas encabeçam o eixo da gentrificação de grandes regiões, principalmente nos centros das cidades que já detêm meios de transporte e serviços abundantes. E, perversamente, em muitos momentos, é utilizando o discurso da arte e da cultura, da melhoria do espaço, do embelezamento e da segurança que o Estado-capital com seu biopoder (poder sobre a vida) avança por toda a cidade expropriando os bens comuns já existentes ou em processo de formação.

A vida passa a ser controlada de maneira integral, a partir da captura pelo poder, do próprio desejo do que dela se quer e se espera, e assim o conceito de biopoder se expande para o conceito de biopolítica. Há uma diluição dos limites entre o que somos e o que nos é imposto, à medida que o poder atinge níveis subjetivos passando a atuar na própria máquina cognitiva que define o que pensamos e queremos. Mas a consequência disso é a explosão dos elementos previamente coordenados e mediados na qual as resistências deixam de ser marginais e tornam-se ativas no centro de uma sociedade que se abre em redes (HARDT & NEGRI, 2001, p:44). Isso significa que o poder desterritorializante que subsume toda sociedade ao capital, ao invés de unificar tudo, cria paradoxalmente um meio de pluralidade e singularização não domesticáveis, incontroláveis e incapturáveis. Assistimos a esta situação no Brasil, efetivamente e em grande escala, a partir de junho de 2013. A multidão que se formou, contaminando e hibridando diversas pautas libertárias e progressistas, vem crescendo e tomando novas formas a cada dia. Para Pelbart (2003) ou para Hardt e Negri (2001, 2005, 2009, 2014), esta inversão de sentido do termo foucaultiano “biopolítica”, pode deixar de ser o “poder sobre a vida”, para tornar-se o “poder da vida”, o que poderíamos chamar também de biopolítica da multidão ou, segundo Pelbart (2003), biopotência.


O comum como projeto constituinte da multidão

A multidão seria então, um ator social ativo, uma multiplicidade que age; seria também o conceito de uma potência que desconfia da representação e em contraste com de povo, porque é uma multiplicidade singular, um universal concreto. O povo constituía um corpo social; a multidão, não, porque ela é a carne da vida e, ao contrário da pura espontaneidade, é como algo organizado num corpo sem órgãos, fora da organização do Aparelho de Estado, ou seja, é um ator ativo de auto-organização, nos introduzindo num mundo completamente novo, dentro de uma revolução que já está acontecendo. A multidão é para o autor, ao mesmo tempo, sujeito e produto da praxis coletiva, assim, como também, cada corpo é multitudinário, ou pode tornar-se uma multidão, formando redes e potencializando contaminações que desejam liberdade na coletividade. A multidão é um monstro híbrido, uma legião, e um projeto que se faz cruzando-se multidão com multidão, misturando corpos operando a mestiçagem e a hibridação, já que o próprio corpo é trabalho vivo e recusa, maquinicamente, a organização constante operada pelo sistema capitalista, portanto, expressão e cooperação, enfim, o poder constituinte da multidão é algo diferente, não é apenas uma exceção política, mas uma exceção histórica, é um produto de uma descontinuidade temporal, radical, metamorfose ontológica, ou seja, a multidão é um nome ontológico de produção de resistências ativas contra sobrevivência parasitárias que constituem a engrenagem da máquina capitalista contemporânea (NEGRI, 2010).

Há uma construção em tempos táticos e estratégicos de resistências mundiais contra o urbanismo neoliberal, que se configura performaticamente nas ruas e nas redes, utilizando ao mesmo tempo processos destituintes (via ação direta, manifestações, ações judiciais) e constituintes (via ocupas e acampadas, produção de cultura, arte, textos, vídeos, imagens e novos modos de vida).

É interessante observar que desde 2011, os movimentos multitudinários (em todo o mundo) ocupam praças e ruas, reforçando a luta contra projetos neoliberalizantes de privatização do espaço público e, nestes processos de ocupas, apesar dos curtos espaços de tempo, surgem múltiplos processos constituintes de uma outra sociedade que pode se organizar independente da lógica Estado-capital da democracia representativa, formando novas redes afetivas e novas formas democráticas, novas modos de vida baseados na produção do comum (em defesa dos bens comuns e em processos constituintes de modos de organização em-comum).

Nesses movimentos multitudinários globais, a política é uma ontologia plural: o pluralismo das lutas, que emergem das tradições divergentes e expressam objetivos diferentes, combina-se com a lógica cooperativa e federativa da assembleia para criar um modelo de democracia constituinte, em que essas diferenças são capazes de interagir e se conectar umas com as outras, formando uma composição compartilhada. Esta pluralidade de movimentos contra o capital global, contra a ditadura das finanças, contra os biopoderes que destroem o planeta, surgem em busca do acesso livre e compartilhado do comum e de sua autogestão; discutir, aprender, ensinar, estudar, comunicar-se e participar das ações: essas são algumas das formas de ativismo, constituindo o eixo central da produção de subjetividade numa ontologia plural da política que é colocada em prática por meio do encontro e da composição de subjetividades militantes.

É no território metropolitano que estas lutas multitudinárias geram um contorno plural, singular e coletivo de forma espacial, ganhando visibilidade e forçando o Estado a repensar as formas burocráticas e pouco participativas que vêm imperando na construção dos planos via parcerias público-privadas. Ou seja, a produção do comum é o que já acontece no trabalho biopolítico imaterial do cotidiano, a metrópole é onde esta biopotência ativa da multidão ganha intensidade e dimensão, e portanto, a constituição do comum nos processos insurgentes contra o Estado-capital fazem crescer novas formas de vida que vão tornando-se desejo de uma ampla gama de jovens e minorias até então excluídas dos processos democráticos, tanto no Brasil quanto no mundo.

Em meio a este caldo biopolítico da multidão, vemos também o cruzamento de grupos e sujeitos antes isolados e marginais ao processo das lutas urbanas organizadas, como: pixadores, funkeiros, rapeiros, prostitutas, pop de rua, skatistas, vendedores ambulantes, estudantes. Esta mistura maluca, híbrida, biopolítica, também vem assumindo formas inusitadas, que fogem ao simples ato de marchar enfileirados nas ruas guiados pelos carros de sons dos sindicatos e partidos, mas se envolvem cada vez mais numa estratégia tática afetiva gerando heterotopias através de festas, carnavais, atos artísticos, intervenções nas redes de forma ubíqua, fazendo cruzar o espaço topológico das redes com o espaço físico das ruas. Também surgem novas formas de construção de novas subjetividades políticas que passam pelas assembleias populares em praças e parques, ou ocupas que vão ocupar tanto o espaço público (do Estado) quanto o espaço privado (do Mercado) através de ações diretas de diversas ordens, gerando situações territoriais autônomas (temporárias ou não). Mas não é somente através de atos curtos e de instantes de lutas que se vê crescer as resistências positivas, diversas ações que envolvem o aparato jurídico e político oficial estão sendo construídas cotidianamente e surgem das conexões multitudinárias redes-ruas.

Atitudes antidemocráticas envolvendo a expropriação do comum, que até 2013 eram decisões políticas tomadas somente pelo poder público, agora vêm sendo sistematicamente denunciadas ao Ministério Público. Mecanismos de participação popular, até então abandonados pela sociedade de maneira geral como os espaços das Câmaras do Legislativo, têm sido diariamente ocupadas por movimentos sociais que trazem debates fundamentais para a construção da cidade, envolvendo principalmente o tema do transporte público via movimento Tarifa Zero, ou a Reforma Urbana e a luta pela moradia via movimentos organizados e em expansão como MLB, Brigadas Populares, grupos de pesquisa das universidades e ativistas de diversos setores. Este conjunto destituinte dos poderes tradicionais se soma ao conjunto de ações constituintes que vêm tomando forma e dimensão como é o caso do Espaço Comum Luiz Estrela , espaço colaborativo e autogestionado de criação e compartilhamento de ideias e ações artísticas, políticas e culturais que tem sido referência para diversos grupos minoritários.

A democracia representativa já não mais representa o cidadão comum e vem deixando de lado os interesses de todos para garantir o interesse do mercado que financia o Estado e suas campanhas políticas que garantem a permanência de grupos no poder. Contudo, a sociedade se rebela. O espírito de multidão que encara o Império de frente e exige democracia real e, em muitos casos, o direito de ter os seus bens comuns administrados autonomamente, faz parte destas novas organizações ativistas que trazem a frescura da coleção subjetiva das diferenças e a pauta ampliada das lutas.

Seria também interessante notar que estes movimentos são horizontais, sem lideranças definidas, e possuem uma dinâmica de articulação, que, por ser rizomática, é impossível de cooptar. Vemos o Estado-capital na tentativa desesperada de se aproximar destes movimentos para capturar a sua dinâmica que se recusa a pertencer à lógica do Aparelho de Estado, pois são máquinas de guerra configuradas por maltas híbridos. A autonomia e a autogestão é tudo o que o Estado-capital não pode suportar.

Fora da lógica dos movimentos viciados da esquerda clássica, que acredita na ideia unitária de povo, e fora da lógica do mercado, que só pensa nos cidadãos como massa, a multidão é plural e atua no trabalho vivo e imaterial produzido em rede coletivamente e criativamente. Portanto, estancar a força motriz que move estes movimentos não vai ser tarefa fácil para o Estado-capital, já que o que os movem é o amor e o afeto e o próprio sentido ativo da vida.


Sistema urbano, cibernética e tecnopolítica no século XXI

O compartilhamento de espaços, objetos e práticas cotidianas, entendido como recursos urbanos, tem se mostrado uma alternativa bastante atrativa para a operacionalização do sistema urbano no século XXI que tem como desafio, retroceder na emancipação da natureza para tornar-se viável globalmente. Podemos enumerar uma série de experiências práticas e soluções já implementadas e em funcionamento (MAIA, 2013) que sugerem uma nova prática de planejamento e gestão urbanos unindo tecnologias de informação e comunicação (TICs), urbanismo e arquitetura num objeto híbrido que é comercializado frequentemente com o rótulo:'soluções'. Esta nova prática sugere uma tendência para entender a cidade como uma espécie de arquitetura da arquitetura, uma solução a nível de metadesign (VASSÃO, 2010) que agencia indivíduos e coisas: edifícios, infraestrutura pública, sistemas de transporte, informação, conhecimento, cultura, saberes populares, consumo, etc. Esse design a nível meta, conectando indivíduos entre si, indivíduos a coisas e coisas com coisas, numa relação sistêmica e dinâmica própria do ambiente urbano vivo é um design sistêmico. Gordon Pask (PASK, 1969) foi quem precisamente identificou e descreveu este processo ao aproximar a arquitetura da cibernética.

A cibernética presupõe autonomia e abertura total nos processos que se retroagem e se retroalimentam sob demanda e necessidades específicas de um determinado instante. Compartilhar é uma ação generosa que abre o recurso e o torna disponível a outro. A distribuição é feita por uma infraestrutura que potencializa o que é compartilhado. A ação generosa de compartilhar é dada por uma cultura cotidiana, a infraestrutura, a distribuição do recurso é uma política - neste caso espeçifico uma tecnopolítica. Esta infraestrutura, para ser livre e democrática precisa ser neutra. O Marco Civil da internet brasileira é um exemplo de tecnopolítica que garante a neutralidade da rede na distribuição da informação. Por outro lado, sem infraestrutura e política de distribuição de recursos, não há otimização ou até mesmo uso do que é ou pode ser compartilhado. Logo distribuição e compartilhamento interagem de modo sistêmico e interdependente.

Yona Friedman, influenciado pela aproximação da prática profissional com a cibernética, discute o lugar do arquiteto e urbanista e elabora uma proposta inserido-o num processo que ele desenha e entende como democratizante (FRIEDMAN, 1975). Friedman analisa a metodologia predominante e prática de intermediação profissional no que ele chama de relação usuário e hardware. Para Friedman, arquitetura consiste numa série de operações simples que se inicia com o futuro usuário (ou cliente) do produto arquitetônico. Este cliente possui necessidades específicas que precisam ser traduzidas sensivelmente num hardware que supostamente atenderá todas as suas necessidades. O arquiteto e urbanista é uma interface essencial de comunicação enquanto não houver um idioma comum entre usuário, construtor, gestor público, empreiteiro, etc. Na prática, o desenvolvimento de um projeto para atender um cliente pode levar um longo tempo, meses, para que todas as necessidades possam ser compreendidas e incorporadas ao hardware projetado. Mas se há uma demanda grande de clientes, algo como 10.000 (dez mil), como é possível atender em menos de 5.000 anos? Logo, a profissão arrumou uma solução: a generalização da demanda. Ou seja, a redução, ou quase que a eliminação da coleta de informação do cliente no processo de construção do hardware. Arquitetos e urbanistas assumem desde então que é impossível encontrar soluções para cada usuário específico, logo, buscaram encontrar uma solução média para os futuros usuários. Friedman reconhece o empenho de arquitetos, urbanista e cientistas sociais que criaram técnicas para reconhecer e calcular necessidades médias individuais em um determinado lugar e/ou contexto social. Em outras palavras, necessidades específicas para um futuro usuário padrão. É fato que este processo que reduz o diálogo entre o usuário e o hadware causa ruídos na comunicação, que até então era o principal papel do arquiteto e urbanista. Deste modo, a insatisfação do usuário com o hardware é inevitável. Essa insatisfação é compreendida quando percebemos que o cliente médio (padrão) não existe. Logo, ao invés de satifazer um cliente que existe, satifazemos um que não existe.

Partindo desta hipótese, Friedman elabora o que ele chama de 'processamento da informação: circuitos entre usuário e planejador' (FRIEDMAN, 1975, pg.34). Neste cenário ele insere o arquiteto e urbanista num sistema de comunicação que permite a aproximação usuário-hardware e o que ele vem a considerar como democratização do processo de planejamento. Este sistema tem como premissas:

1. autonomia do usuário;

2. co-responsabilização do usuário no processo;

3. formas de retroação do processo a qualquer momento;

4. o arquiteto e urbanista deixa de ser o centro na relação usuário-hardware.

Na proposta de Friedman, o futuro usuário encontra um repertório de arranjos (soluções possíveis) que seu modo de vida requer. O repertório, que é necessariamente limitado, deve ser apresentado de modo que ele possa entender. Para cada item do repertório temos um 'alerta' que comunica de forma clara e compreensiva ao futuro usuário as vantagens e desvantagens da alternativa escolhida. Este sistema em loop e não em funil, que trabalha com retroação (feedback), num primeiro momento informa ao próprio indivíduo, mas num segundo momento, o loop pode se complexificar e informar a um grupo de indivíduos. Assim o feedback das alternativas escolhidas leva em consideração o todo de usuários e as vantagens e desvantagens são percebidas pelo todo.

Friedman destaca que neste processo o intérprete já não se faz mais necessário. Os usuários já tem autonomia o suficiente para dialogar diretamente com o processo construtivo do hardware. O arquiteto e urbanista que a séculos sempre teve este papel foi eliminado do processo. O canal de comunicação passa a ser o próprio repertório, ou mais precisamente, o MAPEAMENTO utilizado no repertório. Este MAPEAMENTO precisa ser compreendido por todos os usuários, assim como o artesão que contrói o edifício. Friedman alerta que o arquiteto urbanista não foi excluído do processo, mas sim, o seu papel tradicional. Seu papel, seu novo lugar neste novo sistema é como construtor do repertório, um cartógrafo de repertórios informacionais.

Grandes empresas de tecnologias de informação e comunicação (TICs) como a CISCO, Siemens, IBM, etc. juntamente com a governança pública tem desenvolvido e implementado soluções que se auto elegem eficientes ou inteligentes. São soluções aplicadas à arquitetura e ao urbanismo que sugerem ambientes inteligentes, condicionados pelas TICs, reativos instantaneamente à uma demanda do ambiente, agenciando recursos e equilibrando o sistema urbano. Em uma breve síntese, o que estas empresas fazem, é abrir uma canal de comunicação onde a informação compartilhada pelos atores envolvidos no processo é distribuída numa interface cibernética que retroalimenta o canal de comunicação criando matrizes de agenciamento bastante complexas. A informação agenciada afeta diretamente o meio ambiente podendo-se se concluir, também, no compartilhamento e distribuição de recursos materiais do ambiente urbano.

O Smart+Connected Personalized Spaces é um exemplo de objeto híbrido, comercializado sob o rótulo 'solução' pela CISCO. A flexibilização do espaço e do tempo do trabalho nos últimos anos condicionou escritórios em casa (home office), como conseqüência, surge a demanda por um espaço de suporte para encontros: reuniões, workshops, palestras, etc. A solução da CISCO consiste no agenciamento de espaços de escritórios (arquitetura) que podem ser compartilhados entre diversas empresas e profissionais autônomos. Deste modo, consegue-se uma otimização na localização e disponibilidade de escritórios (urbanismo) resultando numa economia de recursos materiais e energéticos. Estes escritórios compartilhados estão distribuídos em lugares e momentos diversos. Com um aplicativo que pode ser utilizado de um computador ou celular, é possível agendar uma sala, especificando todas as características necessárias: mobiliário, equipamentos, tamanho/número de pessoas, etc. em qualquer bairro, região, cidade ou país. A CISCO ainda fornece uma conexão direta do espaço físico com os servidores da empresa. Desta forma, os projetos que estão sendo desenvolvidos (aplicativos, arquivos, dados, etc.), estarão todos disponíveis para o funcionário na sala agendada, não importando a localização desta sala. Deste modo, a CISCO trabalha uma conexão direta indivíduo/funcionário - material de trabalho - espaço físico, que pode ser ajustado instantaneamente a qualquer lugar, a qualquer momento.

Posto as “soluções inteligentes”, arriscamos a sugerir que uma cidade pode ser tanto o cliente quanto o produto destas soluções. Esta hibridização produto+cliente cria uma relação complexa que anula sutilmente o processo de democratização da arquitetura e do urbanismo tal como posto por Friedman (1975), já que tudo tende a ser um produto ou um bem (não comum) do proprietário do sistema agenciador. Do ponto de vista polítco, percebe-se que as iniciativas empresariais, identificadas, mesmo quando vinculadas ao poder público, visam à reprodução de bens privados e a otimização de recursos em prol do aumento de lucros. Ainda que com motivações ecosustentáveis em pano de fundo, a privatização de bens comuns tal como apontado por Hardt & Negri (2009) é intensificada pelas TICs e revestidas de euforia tecnológica apresentadas como única saída sustentável para o futuro do planeta nas “smart cities'.

Percebe-se claramente que a expropriação do comum é potencializada neste processo francamente reconhecido como inovador que aliena o cidadão. Um exemplo cotidiano do que estamos falando é o Facebook que vende dados e estatísticas de monitoramento constante da vida, dos hábitos, dos costumes, dos lugares visitados e dos desejos de cada um dos seus usuário. Isso é devolvido para os próprios usuários em forma de produtos convenientemente elaborados num processo persuasivo de captura das subjetividades individuais, e elaboração de produtos cada vez mais vitais. Logo os usuários, ao compartilhar suas vidas, tornam-se produtos a serem distribuídos para retroalimentar um ciclo produtivo cada vez mais sofisticado e sedutor.

Percebemos, num processo semelhante em escala urbana, que os bens comuns compartilhados pela multidão são capturados e convertidos em propriedades privadas e distribuídos em forma de soluções-produto inteligentes para cidades. Ao identificar esta tendência de atuação prática de grandes empresas que convergem seu conhecimento e se dispõe à apresentar “soluções para as cidades”, nos inserimos criticamente e ativamente nesta prática propondo soluções abertas, livres e democráticas suficientemente para que não se confunda a cidade com um produto-solução a ser comercializado. Deste modo, nos instrumentalizamos ativamente do potencial das TIC para discutir numa abordagem prática e cotidiana, técnicas, metodologias e políticas de empoderamento de práticas comunitárias, coletivas e cidadãs que livremente enriquecem o bem comum contrapondo os recorrentes processos de alienação cidadã. Nesta linha construímos tecnopolíticas, em ações alinhadas com o Marco Civil da Internet, valorizando processos de democratização no meta design do sistema urbano.


Utilização dos mapas georreferenciados e plataformas digitais para conectar redes e produzir

Esse eixo volta-se a investigar a aplicação das tecnologias digitais de mapeamento aos processos de produção do espaço urbano. Pretende-se produzir conhecimento e explorar tecnologias que promovam a interseção entre as redes digitais e as dinâmicas espaciais urbanas. Compreende-se que estas tecnologias conformam, atualmente, parte indissociável da experiência e da organização das metrópoles contemporâneas, promovendo a fusão da sua dimensão físico-territorial com a das redes digitais. Partindo de um contexto de urbanização crescente, que alcança até mesmo os recônditos rurais e selvagens, a expansão da tecnologia informacional e das condições de conectividade vem transformando a vivência destes territórios e se integrando às suas infraestruturas com intensidade sem precedentes. No entanto, não se observa uma incorporação correspondente desses mesmos recursos nos instrumentos de planejamento das cidades, sobretudo no que concerne ao fortalecimento do diálogo entre os seus habitantes e o poder público. Portanto, pretende-se investigar/produzir tecnologia social aplicada a políticas públicas urbanas nos mais diversos níveis: mobilidade, moradia, lazer, cultura, economia, agroecologia, etc.

O crescimento vertiginoso dos territórios urbanos – que devem abrigar mais de dois terços da população mundial até 2050 (ONU: 2014) – coloca a vida nas metrópoles no centro das questões pertinentes às sociedades contemporâneas. No Brasil, cerca de 160 milhões de pessoas vivem em áreas consideradas urbanas, o equivalente a quase 85% do total de habitantes (IBGE:2010). As circunstâncias sob as quais o adensamento das cidades brasileiras vêm ocorrendo resulta em graves problemas que permeiam os mais diversos níveis de sua experiência: habitação, mobilidade, meio ambiente e segurança, dentre outros. Paralelamente, vivencia-se a crescente expansão das tecnologias digitais de comunicação e sua consequente integração ao cotidiano das cidades, como elementos codependentes e indissociáveis da dimensão físico-territorial. A incorporação de recursos computacionais à produção espacial acontece de maneira ampla, e abrange desde softwares voltados prioritariamente ao objeto arquitetônico e urbanístico , às chamadas “cidades inteligentes” (smart cities), que exploram a informática em busca de maior eficiência energética, de sustentabilidade e de concorrência no mercado global. Sua infiltração gradativa no ambiente transforma as maneiras pelas quais o espaço é experimentado, modificado e representado, fazendo com que, nas grandes cidades, o universo físico e o informacional se associem tão profundamente que não faça mais sentido analisá-los como fenômenos distintos. Compreende-se que a contaminação da sociabilidade humana pelas redes digitais de comunicação se manifesta de maneira controversa – que envolve questões como privacidade, vigilância e o fortalecimento de um modelo de urbanização pautado pela conquista de investimentos no cenário global –, diretamente relacionada às transformações em curso nos modos de produção, de trabalho e de consumo. Contudo, se observam também oportunidades para a aplicação desses recursos em iniciativas de articulação cidadã, de cooperação intelectual e de livre disseminação do conhecimento, revelando o potencial democratizante do desenvolvimento tecnológico. O acesso à internet desempenha papel fundamental na consolidação desses fenômenos. Apesar do Brasil apresentar um quadro de acentuada desigualdade social, o acesso aos dipositivos de conexão vem se expandindo em todos os setores da sociedade, atingindo 105 milhões de usuários em 2013 (IBOPE: 2013),

Os principais mecanismos de planejamento urbano vigentes no Brasil atual advogam em defesa da “participação popular” na elaboração de políticas públicas urbanas– prevista no Estatuto da Cidade como diretriz obrigatória à gestão democrática. Vários autores, no entanto, apontam para um desgaste da participação existente, demonstrando como ela raramente resulta em instâncias decisórias efetivas, atuando, ao contrário, de maneira heterônoma. Perpetua-se um modelo que valoriza excessivamente leis e normas em detrimento dos processos em colaboração com a sociedade (SOUZA: 2013). Silke Kapp denuncia a natureza consultiva dos dispositivos participativos em vigor, que configurariam mais uma etapa a ser cumprida no percurso burocrático de um plano do que um objetivo real. Segundo a autora, o termo participação “sugere outra instância, não composta pelos próprios ‘participantes’, que determina e coordena o processo” (KAPP: 2013, 467-468).

Nesse sentido, identifica-se grande potencial nas iniciativas identificadas como urbanismo entre pares, arquitetura open source, cidade copyleft, ou wikitetura, dentre outros. Baseadas na cultura de software aberto e do conhecimento livre, essas propostas tomam emprestado o vocabulário próprio ao universo informacional para aplicá-lo à produção colaborativa do espaço urbano. Marta Battistella (2013) reflete sobre o contraste entre o potencial globalizante e aparentemente desterritorializante da revolução informacional, e o caráter predominantemente local dessas plataformas digitais sociais, que almejam incentivar encontros e intervenções urbanas. A autora argumenta que, apesar desse avanço tecnológico apontar uma aparente tendência ao distanciamento do universo físico e da convivência face a face, torna-se possível presenciar o surgimento de uma série de iniciativas conectadas em rede que propõem, justamente, o resgate da experiência local do espaço.

Vários projetos vêm sendo desenvolvidos, atualmente, visando promover a interação in situ, intensificar o intercâmbio com o contexto urbano e ativar processos colaborativos. Especialmente com a consolidação da web 2.0 e das ferramentas de georreferenciamento – que permitem sobrepor, em tempo real, o universo digital ao físico, criando o que se identifica por realidade aumentada –, a internet vem fazendo emergir um laboratório de práticas colaborativas de experiência da cidade e da vida pública: 'Hoje, a plataforma com maior influência para a criação de encontros ao vivo e para o aperfeiçoamento dos espaços públicos talvez seja, de maneira interessante e paradoxal, a web: um sistema horizontal com forte potencial para a rápida disseminação de ideias e de informações ao qual todos têm acesso e no qual podem atuar como indivíduos' (BATTISTELA: 2013). Se por um lado a formação de redes sociais é há muito utilizada como estratégia eficaz para promover transformações no espaço urbano e para viabilizar iniciativas de mobilização cidadã – antecedendo a comunição digital –, por outro, a ampliação sem precedentes das condições de conectividade da internet lança a um novo patamar as possibilidades de articular processos colaborativos de produção do espaço.

Um aspecto fundamental dessas ferramentas é sua capacidade de reunir atores de diferentes origens, escalas e naturezas: cidadãos isolados, poder público, organizações não governamentais, grupos da sociedade civil organizada e empresas privadas, dentre outros. Em geral, quanto maior a complexidade e a diversidade das redes formadas, maior seu alcance, sua capacidade de atuação e sua resiliência, como propõe o conceito de redes multiescalares de Rainier Hehl (in ROSA: 2011). A possibilidade de apropriação e de adaptação a múltiplos contextos é também relevante, consolidando iniciativas que possam ser adequadas e reproduzidas em novas localidades. O uso crescente de telefones celulares conectados à internet proporciona às redes de comunicação um potencial de mobilidade até então inédito, expandindo suas oportunidades de aplicação na esfera territorial:“a internet móvel e o georreferenciamento, juntos, permitem algo antes impensável: a associação, em tempo real, da identidade digital com um espaço físico particular. Isso significa dar a essa identidade que era, até o momento, ubíqua, uma dimensão espacial” (DI SIENA: 2012). O Brasil vem demonstrando interesse em estar na vanguarda das políticas públicas para as redes digitais, a partir de ações como a aprovação do Marco Civil da internet e a criação do portal Participa.Br (http://www.participa.br/).

O desenvolvimento cartográfico aliado a instrumentos colaborativos constitui uma importante metodologia a se explorar. A consolidação das técnicas de georreferenciamento, dentro do que é identificado como Geodesign, amplia as condições de compreensão da realidade territorial e pode se vincular a interfaces interativas para expandir as possibilidades de participação cidadã. Mapas produzidos coletivamente fornecem informações úteis, constantemente atualizadas, sobre o contexto urbano podendo ter mecanismos que conectam os usuários entre si, ou que os conectam à administração pública, promovendo o estreitamento das pontes entre instituições e cidadãos e permitindo maior transparência. Exemplos: Whatif?Cities ; Fix My Street ; Mappe ; Mapa da Cultura de Fortaleza ; Green Map ; Mapeando o Comum ; dentre outros. A busca por melhores condições de entendimento da realidade territorial pode ser expandida para a exploração em rede das ferramentas de desenho computadorizado (CAD - computer aided design) criando modelos digitais de lugares ou de situações urbanas específicas que possam ser submetidos a teste e modificados por seus usuários, a partir de parâmetros preestabelecidos. Interfaces intuitivas fazem com que ferramentas de projeto – cujo domínio costuma se restringir a profissionais especializados – tornem-se mais abertas ao público em geral, ampliando suas possibilidades de atuação no exercício da produção do espaço.

Compreende-se que a representação arquitetônica tradicional, sobretudo o desenho técnico configura, geralmente, uma linguagem inacessível à maior parte da população. A superação desse limite torna-se fundamental para constituir mecanismos de decisão coletiva voltados à transformação da cidade. Possibilita-se a visualização de múltiplos cenários, a comparação dos impactos de diferentes propostas em ambientes específicos e a construção conjunta de novas soluções, auxiliando as práticas de colaboração cidadã a ultrapassarem o modelo de participação eletiva que atualmente predomina. Referências: streetmix ; city kit ; etc.

Propõe-se criar ferramentas que viabilizem o compartilhamento de bens e de recursos urbanos, o qual acontece quando se criam estruturas em rede que possibilitem o uso conjunto de serviços ou de objetos diversos. Trata-se de infraestruturas e equipamentos, mantidos pela administração pública ou pelo setor privado, disponibilizados ao público para o uso compartilhado, como carros (car sharing), bicicletas (bikesharing) e até mesmo espaço de trabalho (co-working). A tendência ao compartilhamento sinaliza uma transformação dos padrões tradicionais de consumo, apontando para uma lógica a partir da qual ter acesso a serviços e a equipamentos específicos se torna mais importante do que possuí-los. As práticas desenvolvidas nessa categoria se conectam ao incentivo da economia solidária e à busca por um desenvolvimento urbano mais sustentável. Exemplos: car2go ; bikebh ; fluid meeting spaces ; couchsurfing ; gnammo ; etc.

Ainda sob o princípio da livre produção de conhecimento, se tem como objetivo ações que se baseiem no livre intercâmbio de informação voltada à transformação espacial, tal como: métodos construtivos, projetos arquitetônicos, soluções para intervenções em situações de emergência, etc. Plataformas desse tipo ampliam e democratizam o acesso a uma produção em geral restrita a setores específicos da sociedade, oferecendo mecanismos de construção e de gestão do espaço a grupos sociais variados. A inteligência coletiva é estimulada a partir da criação conjunta, multiplicando o conhecimento sobre os assuntos abordados e fazendo surgir novas táticas e instrumentos de ação e de autogestão. Exemplos: wikihouses ; open architecture network ; paper houses ; etc. Pretende-se investigar também os processos contemporâneos de ressignificação de espaços públicos, ou seja, iniciativas articuladas em rede que buscam dar novos significados ao território urbano a partir de intervenções temporárias, eventos organizados de forma colaborativa ou práticas que exploram a experiência sensível do espaço. Essas ações costumam se basear no pensamento situacionista, que propunha a apropriação da cidade a partir da criação de situações: táticas lúdicas e performativas de ativação dos espaços, como as derivas propostas por Guy Debord. Com um olhar crítico a políticas que dão origem a lugares cada vez mais padronizados e regulados, essas práticas desafiam os conceitos consolidados de espaço público predominantes nas metrópoles contemporâneas. Como exemplo destaca-se o parking day , iniciativa que inspirou os parklets agora contemplados pelo Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo; aplicativos como o Serendipitor ; e jogos urbanos como o geocaching ; além de inúmeras iniciativas artísticas e culturais organizadas em rede atuantes na transformação dos espaços das cidades.


Fazer artesanal enquanto resistência e produção de processos constituintes

Abre-se aqui uma defesa tanto das ações de extensão, quanto do processo de criação e produção artesanal enquanto formas de resistência à produção mecanizada, alienada e em série industrial. Defende-se o aprender fazendo, aprender fazendo com o outro, coletivamente e colaborativamente. Defende-se uma arte, um design, uma arquitetura que se elabore sem assinatura, sem a forma em evidência, sem o jogo do poder que envolve a sua autoria. Incentiva-se o processo como foco do trabalho, conhecimento na troca desierarquizada, fazer arte, design e arquitetura como se faz política, fazer política e criar espaços livres.

Quando se trata de desenvolvimento de tecnologias sociais que potencializem a relação desierarquizada entre as ongs e universidades e as pessoas envolvidas nos projetos, que moram no território presente nas práticas extensionistas, surge uma grande questão que envolve a criação de objetos, metodologias e ações cotidianas que precisam surgir no encontro entre o fazer-pensar erudito da academia e o fazer-pensar cotidiano experimental das localidades. E é aí que, para a arte, a arquitetura e o design, adquirem potência para ativar formas de fazer que não sejam apenas estratégicas e planejadas, mas que incorporem o fazer tático, próprio de quem não possuí condições financeiras para consumir no mercado. Portanto, não somente os processos de criação colaborativas precisam ser a mola propulsora das ações, destituindo do artista, do arquiteto e do designer a sua tão demandada e necessária produção autoral.

Segundo Richard Sennet, “fazer é pensar (...) o artífice representa uma condição humana especial: a do engajamento.” (SENNET, 2008: 30) Entende-se que, na Universidade, o lugar mais apropriado para “pensar fazendo” é na extensão. Fazer pensando e vice-versa elege ao primeiro plano das ações de transformação e invenção a tática, ao invés da estratégia. Se, para CERTEAU (2003), a estratégia postula um lugar como próprio e constrói uma base para gestão de suas relações com a exterioridade, a tática só tem por lugar o do outro. Ela insinua, fragmentariamente, sem apreendê-lo por inteiro, sem poder retê-lo à distância. Não dispõe de base para capitalizar os seus proveitos. Pelo fato de seu não-lugar, a tática depende do tempo, vigília à espera da oportunidade. Na tática, a arte de dar o golpe é o senso da ocasião. A tática é a arte do fraco e este pode tirar partido de forças que lhe são estranhas. Espera de momentos oportunos onde combina elementos heterogêneos.

Seguindo a trilha deixada por Michel Foucault, CERTEAU vê nos dispositivos inventados uma vampirização das instituições que reorganizam clandestinamente o funcionamento do poder, ou seja, uma atuação microfísica do poder. O autor detecta, já nos anos 60, a importância de pesquisas destes outros modos de utilizar produtos consumidos de forma subversiva e curto-circuitam as encenações institucionais.

A uma produção racionalizada, expansionista além de centralizada, barulhenta e espetacular, corresponde outra produção qualificada de ‘consumo’: esta é austuciosa, é dispersa, mas ao mesmo tempo ela se insinua ubiquamente, silenciosa e quase invisível, pois não se faz notar com produtos impostos por uma ordem econômica dominante. (CERTEAU, 2003: 39)

Acreditamos que qualquer alternativa à concepção de desenvolvimento dominante só pode acontecer a partir da ação do cidadão, da mudança de seu habitus, no espaço da vida cotidiana. É necessário entender que o trabalho envolvendo realidades sociais díspares deve estabelecer um ambiente de troca de experiências de vida e de conhecimento. A questão principal é a transformação dos saberes e de todos os indivíduos envolvidos no processo em direção a sociedades mais justa, menos desigual via uma atuação mais política e engajada por parte da universidade (professores e estudantes) e dos profissionais tão seduzidos pelos projetos autorais (arquitetos, artistas e designers). Aprender com o outro numa troca desierarquizada e desenvolver tecnologia social que possa ser reaplicada como construção de uma máquina de guerra contra o Império é nosso principal objetivo. Construir uma pequena multidão em cada projeto e programa que nos envolvemos.

Por fim, reafirma-se aqui que a extensão universitária possibilita a realização de ações que alimentam o pensamento e assim num ciclo contínuo, surgem teorias que aprimoram e reinventam as práticas. A extensão não deve ser pensada como simplesmente transferência de conhecimento, ela deve construir conhecimento coletivamente num ambiente de troca constante, incluindo o ensino e a pesquisa. Entende-se que a pesquisa acadêmica precisa funcionar, servir pra alguma coisa que realmente transforme a vida das pessoas ou melhore as condições de habitabilidade no mundo, e, portanto sua relação com a extensão é fundamental: “É isso, uma teoria é exatamente como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o significante. É preciso que sirva, é preciso que funcione.” (DELEUZE, 2006: 267)

1.6.3 Objetivos

A. MAPEANDO O COMUM: CARTOGRAFANDO A CULTURA MULTITUDINÁRIA CARTOGRAFIAS EMERGENTES

O projeto “Mapeando o Comum: Cartografando a Cultura Multitudinária cartografias Emergentes” surgiu a partir da pesquisa 'Cartografias Emergentes: a distribuição territorial da produção cultural em Belo Horizonte', viabilizada pela Chamada N.º 80/2013 CNPq/SEC/MinC e desenvolvida em 2014. Como produto, o projeto apresentou a plataforma 'Mapa Cultura BH' (https://culturabh.crowdmap.com). Lançada em outubro de 2014, a plataforma abriga os dados coletados ao longo de todas essas experiências e segue recebendo informações enviadas por usuários em rede. Conforma-se, portanto, um banco de dados abrangente, dinâmico e aberto a respeito da cultura em Belo Horizonte, cujo conteúdo é integralmente disponibilizado para todos que o acessam, podendo constituir uma ferramenta útil de suporte a setores ligados à promoção cultural, à produção de políticas públicas e à investigação ligada à cultura.

Tendo como objetivo localizar, no território da cidade de Belo Horizonte e Região Metropolitana de Belo Horizonte, as atividades culturais existentes e as suas características (categorias, financiamento, organização, etc), o projeto procura gerar um panorama territorial complexo que constitua uma base de dados para análises sobre a relação entre a distribuição das iniciativas culturais no espaço urbano, os mecanismos utilizados para o seu fomento e as implicações deste quadro no cenário sócio-territorial da cidade.

Após essa primeira etapa do projeto, com a criação da plataforma 'Mapa Cultura BH' (https://culturabh.crowdmap.com) e a elaboração de sua metodologia, a segunda etapa do projeto pretende expandir a cartografia proposta para outras áreas da Cultura e, além disso, cartografar as ações que estão presente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estimulando as potencias aqui encontradas, notadamente aquelas pessoas que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social, as quais, não raro tem as mais genuínas manifestações culturais expressas, razão pela qual, busca-se com a implementação desse projeto o aprofundamento do olhar da Univerisdade para as manifestações culturais multitudinárias presentes ao nosso redor

Objetivos gerais

1. Produzir conhecimento de forma desierarquizada e de instrumentos e dispositivos para ações de resistência ao capitalismo neoliberal que se estende sobre todo o espaço urbano, expropriando o comum;

2. Confeccionar mapas que envolvem objetivos políticos estratégicos: a) dar visibilidade aos conflitos socioambientais; b) ser instrumentos de pressão política e de denúncia; d) ter um caráter educativo, gerando conhecimento e tecnologias sociais através da organização e mobilização; f) contribuir no planejamento das ações que envolvem os movimentos sociais, indicando caminhos estratégicos e parcerias;

Objetivos específicos

1. Mapear municípios, dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que possuam ações e iniciativas culturais com as características propostas no projeto;

2. Produzir oficinas nos municípios mapeados na Região Metropolitana de Belo Horizonte para expandir a cartografia proposta;

3. Mapear setores que identificamos como chave para a produção da cultura multitudinária. Dessa forma, gostaríamos de aprofundar a cartografia com ações voltadas especificamente a eles. Alguns setores já foram identificadas: audiovisual, publicações independentes, saberes populares, saúde mental, superficies urbanas, performances e coletivos de artes cênicas.

4. Realizar oficinas e propor parcerias a fim de cartografar setores que identificamos como chave para a produção da cultura multitudinária. Dessa forma, gostaríamos de aprofundar a cartografia com ações voltadas especificamente a eles.

5. Promover a capacitação tecnológica dos envolvidos nas oficinas, difundindo conhecimento sobre a produção de mapas digitais colaborativos

6. Auxiliar no empoderamento desses atores a partir da formacão de redes e de parcerias com outros grupos envolvidos em atividades similares, e oferecer condições para que dêem maior visibilidade à sua produção.

A quantidade de oficinas e locais será mensurada a partir do mapeamento.


B. COMPARTILHAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO COMUM

Soluções para compartilhamento e distribuição de informações do sistema urbano utilizando tecnologias de informação e comunicação (TICs), especialmente a tecnologia móvel, tendo a dimensão fundamental o Comum (HARDT & NEGRI, 2012). Deste modo, temos como objetvo geral:

implementar juntamente com os parceiros, processos formativos que possam politizar a informação fomentando questões e procesos de agenciamento autônomos que emergem em práticas cotidianas, nos movimentos sociais e nas lutas pelo direito à cidade.

Difundir práticas culturais de tecnopolíticas e urbanismo entre pares.

Criar, experimentar e aplicar processos que democratizem e sensibilizem a informação. Em processo constante de retroalimentação (feedback), a informação é coletada, distribuída e após um processo de politização coletiva retorna alimentando novos processos de idéias e ações coletivas.

É objetivo específico da ação de extensão priorizar temáticas de planejamento metropolitano estratégicos para a promoção do Comum, são elas:

- agricultura urbana;

- moradia/habitação de interesse social;

- cultura e lazer.

Deste modo, buscamos de modo geral:

1. observar e analisar criticamente com que grau de engajamento é possível compartilhar e distribuir o Comum considerando limitações políticas, técnicas, econômicas e culturais;

identificar e mapear uma riqueza Comum (HARDT & NEGRI, 2009) essencial à vida do sistema urbano no que tange a agricultura urbana, a moradia e a cultura e lazer;

2. territorializar/espacializar idéias e ações coletivas na RMBH fomentando processos de discussão e elaboração de políticas urbanas;

promover processos educativos junto à população, comunidades organizadas e movimentos sociais para capacitação no uso e domínio das tecnologias de conexão garantindo a autonomia dos indivíduos no desenvolvimento e gestão das ferramentas digitais;

3. fomentar e discutir tecnopolíticas no meta design das cidades sugerindo um Marco Civil da Cidade.

Considerando as 3 ações de desenvolvimento do projeto, apresentamos objetivos específicos para cada uma delas.

Natureza Urbana:

Conectar movimentos sociais e associações comunitárias locais em torno da defesa das áreas verdes na RMBH e o compartilhamento público destas áreas com a população;

Trabalhar em parceria com a Rede Verde e o Movimento Fica Ficus de Belo Horizonte na elaboração, publicação e distribuição de jornal informativo da Rede Verde;

Gerenciar e alimentar mapa colaborativo da Natureza Urbana na RMBH cartografando ações comunitárias entorno da defesa das áreas vérdes, das práticas de agricultura urbana e dos áreas de interesse paisagístico/ambiental;

Fomentar com informações, projetos e planos urbanísticos, políticas de preservação e ampliação de áreas verdes, agricultura urbana e parques aberto ao público na RMBH.

Lutas Territoriais Urbanas:

Criar uma topologia das lutas a partir das redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter);

Mapear as lutas na plataforma Crowdmap identificando e caracterizando o território das lutas;

Conectar os movimentos de lutas da America Latina.

  1. EmBreveAqui

Mapear na plataforma Crowdmap áreas não edificadas, áreas edificadas, patrimônio histórico, áreas residuals e superfícies vazias, que estejam vagas/sem uso, da RMBH e propor interveções/ocupações destinadas ao lazer, cultura, agricultura urbana e moradia.

Coletar propostas de projetos desenvolvidos nas Escolas de Arquitetura e Urbanismo e divulgá-los/publicá-los no mapeamento;

Criar oficinas e workshops com associações de bairros, comunidades e movimentos sociais que possam tanto denunciar áreas e superfícies de interesse coletivo quanto discutir propostas de ocupações para essas áreas;

Criar oficinas, concursos e workshops que poderão propor ocupações para as áreas mapeadas.


C. ARTESANIAS DO COMUM

O objetivo desse projeto é fomentar a cultura e seus mecanismos de expressão bem como estimular o acesso e o intercâmbio de informação entre Ocupações Comunitárias e UFMG. Por meio do desenvolvimento de diversas oficinas (estamparia, tecelagem, mobiliários) e através da Unidade Nômade do Comum - dispositivo móvel que circulará pelas ocupações promovendo a criação de uma mídia comunitária independente capacitando, artística e profissionalmente voltada aos jovens das ocupações - pretende-se construir um espaço autogestionado de referência no desenvolvimento e difusão da cultura popular, estimulando a construção democrática e a experiência profissional colaborativa, apresentando outras perspectivas à jovens que vivem em situação de extrema vulnerabilidade social enquanto potencializa o potencial da universidade de receber e dialogar com agentes historicamente excluídos do ensino superior.

Os objetivos específicos desse projeto abrangem:

1.A realização de um cartografia cultural nas ocupações urbanas da Região Metropolitana de Belo Horizonte;

2.A compra dos equipamentos necessários para o desenvolvimento das atividades, planejamento, projeção e construção da Unidade Nômade do Comum, um veículo móvel de mídia e cultura popular.

3.A articulação e formação de uma rede, inclusive virtual, de comunicação entre os jovens de diferentes comunidades periféricas e entre as principais redes de cultura da cidade

4.A ampliação das oportunidades de trabalho e renda para os beneficiários associados em situação de risco pessoal e social;

5.A Melhoria da auto-­estima e da qualidade de vida dos beneficiários e de seus familiares;

6.A capacitação dos beneficiários na produção de objetos de design, buscando com eles aprimorar as técnicas produtivas e a didática das oficinas;

7.Tornar os beneficiários multiplicadores do conhecimento, buscando garantir a sustentabilidade dos projetos;

8.Promover a cultura da colaboração e cooperação estimulando a criação e fortalecimento de associações e cooperativas, além da criação de outras redes produtivas integradas na própria comunidade;

9.Promover inclusão mercadológica da rede produtiva;

Desenvolver coletivamente uma tecnologia social para ser aplicada nos projetos;

10.Desenvolver produtos que sejam baseados no equilíbrio da tríade social-­‐ambiental-‐econômico;

11.Capacitar os beneficiários em processos de autogestão e planejamentos integrados, coletivos e colaborativos de redes produtivas;

12.Fomentar discussões sobre cidadania e protagonismo comunitário, buscando o empoderamento real da comunidade;

13.Dar visibilidade à população local, seu cotidiano, sua experiência estética e sua produção cultural à partir de estratégias de divulgação do programa;

14.Intervir, através de produtos produzidos pelas oficinas, nos espaços coletivos das comunidades de maneira a melhorar a infraestrutura e qualidade ambiental local .

15.Contribuir para a interdisciplinaridade, articulando arquitetura e urbanismo com outras áreas do conhecimento, principalmente comunicação, design, geografia, economia, psicologia e engenharia;

16.Articular parcerias para aumentar a participação do artesanato na produção nacional e para o conseqüente fortalecimento do setor;

17.Socializar o acesso às informações e ao conhecimento no âmbito do setor artesanal e de design;

18.Desenvolver uma cartilha para propagação do conhecimento artesanal técnico, que seja compreensível para pessoas de qualquer nível de instrução, baseada no processo de aprendizagem durante as oficinas,

19.Disponibilizar informações sobre a utilização e reutilização racional dos recursos naturais, buscando processos produtivos mais sustentáveis;

20.Realizar eventos de encerramento nas ocupações e um festival de Cultura Popular na UFMG

21.Elaborar livro indexado compilando relatos das experiências e artigos, inclusive com moradores das próprias ocupações como em co-autoria


1.6.4 Metodologia e Avaliação

    Acredita-se ser possível utilizar o método cartográfico através da produção de cartografias emergentes enquanto ação de investigação engajada, ou seja, enquanto copesquisa militante. Segundo Bruno Cava (2012), copesquisa não separa teoria da prática e agencia atravessamentos de múltiplas ordens. Não dissocia sujeito de objeto e se faz de maneira aberta a mudanças de perspectiva, possuindo uma tendência política na qual a produção de conhecimento e o ativismo se sobrepõem. Pretende-se, com este método (ou anti-método), investigar a composição política dos sujeitos e seus modos de auto-organização, analisando, assim, tanto a produção do espaço quanto a libertação do tempo, incorporando o que se movimenta e o que se expande pelas novas formas de vida.


A copesquisa cartográfica pretende uma positividade que é ação coletiva e potência em ato, fazendo aflorar as diferenças, os antagonismos, as singularidades, as microrrevoluções, os híbridos, as complexidades e o que escapa ao modo capitalista de subjetivação e de produção espacial. A ideia central deste processo é envolver a investigação teórica e a conceitual de forma indissociada das necessidades do mundo real. Os conceitos e as teorias são importantes em tempo real. A pesquisa vai sendo aprofundada conforme a necessidade, e o tempo do trabalho é o tempo do aqui/agora.


Simultaneamente, a prática participativa e de ação junto à sociedade acontece também no movimento da construção de novos conceitos e de novas formas de abordagem e de pensamento sobre o real. Artigos, textos, manifestos, conceitos e teorias irão surgir ao longo do trabalho e não possuem um tempo exato dentro da pesquisa. O cronograma das atividades se dá de maneira rizomática entrelaçando o pensamento com a prática, acompanhando os acontecimentos cotidianos da cidade e o momento em que se vê necessária uma intervenção. Em cada ação de produção de mapas territorializados coletivamente ou em laboratórios, diversas teorias, autores de referência, projetos similares, serão levantados, discutidos, debatidos e transformados em informação para fundamentar a ação. A prática e a experimentação via cartografias críticas realizadas coletivamente, em grupos parceiros e em comunidades em estado de vulnerabilidade social, integram-se ao processo como mecanismos fundamentais para que se atinjam os objetivos desejados.


Entende-se que é possível considerar o mapa como uma interpretação do território atravessado por distintas dimensões de análises e que, portanto, pode ser aplicado de diversas maneiras. A riqueza de um mapa cartográfico criativo estará dada na medida em que permitir uma construção social marcada pela singularidade, que contribua para a formação de resistências às formas tradicionais de mapeamentos das cartografias hegemônicas.

Elaborar um mapa implica sintetizar e confinar situações complexas, em constante movimento, em uma espécie de diagrama. Um mapa, decalque, quando atravessado pelo processo de copesquisa cartográfico, pode também ser dinâmico e flexível para conseguir abarcar a complexidade socioespacial com toda sua potência de multiplicidade, heterogeneidade, interconexão e mobilidade.


Assumindo-se que a subjetividade é intrínseca à construção de um mapa e declarando-se tal advertência, o leitor consciente estará apto a usar os mapas como uma entre outras tantas ferramentas disponíveis para analisar a realidade a partir, inclusive, da experiência coletiva que se engendra em um lugar.


A. METODOLOGIA MAPEANDO O COMUM: CARTOGRAFANDO A CULTURA MULTITUDINÁRIA CARTOGRAFIAS EMERGENTES


As cartografias que se propõe desenvolver nesse projeto constituem a continuidade do projeto de pesquisa 'Cartografias Emergentes: a distribuição territorial da produção cultural em Belo Horizonte', viabilizada pela Chamada N.º 80/2013 CNPq/SEC/MinC, desenvolvido no ano de 2014, no qual se investigou o papel e a distribuição da cultura nos processos de transformação do espaço urbano, na cidade de Belo Horizonte

O principal produto da pesquisa em questão foi o mapaculturabh, disponível no endereço , uma plataforma de mapeamento colaborativo online voltada a cartografar equipamentos e eventos culturais no território da cidade. Lançada em outubro de 2014, a plataforma abriga os dados coletados ao longo de todas essas experiências e segue recebendo informações enviadas por usuários em rede. Conforma-se, portanto, um banco de dados abrangente, dinâmico e aberto a respeito da cultura em Belo Horizonte, cujo conteúdo é integralmente disponibilizado para todos que o acessam, podendo constituir uma ferramenta útil de suporte a setores ligados à promoção cultural, à produção de políticas públicas e à investigação ligada à cultura.


A pesquisa antecedente lançou as bases teóricas, produziu e disponibilizou um banco de dados inicial, e aprofundou as ferramentas metodológicas para o desenvolvimento de mapeamentos coletivos com comunidades e grupos sociais diversos. No entanto, compreende-se a produção cultural como um objeto demasiado extenso e dinâmico para que seja possível constituir um panorama satisfatório em um período de trabalho tão curto. Ademais, o próprio exercício desenvolvido ao longo deste último ano apontou setores junto aos quais a atuação mais específica traria uma grande contribuição para a cartografia já iniciada, principalmente por terem se apresentado como categorias-chave para a emergência do que definimos como “cultura multtudinária”, ou por termos identificado que uma compreensão mais abrangente das suas manifestaçoes requer uma aproximação maior dos atores diretamente envolvidos na sua produção. É justamente nesses recortes que se pretende concentrar os esforços nessa nova etapa do projeto, ou, como já apontado nos objetivos, voltando-se aos temas/grupos ligados à performance, às publicações e mídias impressas, à apropriação de superfícies urbanas e à saúde mental.


Acredita-se, sobretudo, que muito mais do que desenvolver uma representação da distribuição espacial de tais manifestações, a prática cartográfica colaborativa ajude a promover o empoderamento dos atores sociais relacionados à cultura multitudinária que se propõe cartografar, consolidando redes, proporcionando capacitação tecnológica e produzindo conjuntamente ferramentas e táticas para uma inserção mais potente de tais práticas no território da cidade.


Ao longo da pesquisa antecedente desenvolveu-se uma metodologia de mapeamento colaborativo testada em diversas oficinas no ano de 2014, que se utilizou sobretudo de mapas físicos informados coletivamente. Tomou-se como uma das principais referências o trabalho do coletivo argentino Iconoclasistas, com vasta experiência em cartografias críticas coletivas. A metodologia se mostrou extremamente relevante não somente para a coleta de dados, mas, sobretudo, para a discussão das categorias e dos parâmetros de análise a serem adotados, que receberam uma grande contribuição desses encontros. As oficinas realizadas previamente, no entanto, não contavam ainda com a plataforma digital, que estava também em processo de desenvolvimento. Nesse momento, pretende-se adaptar a metodologia utilizada para combinar os mapeamentos físicos à utilização da plataforma digital, expandindo as possibilidades da cartografia e explorando mais profundamente o seu potencial de treinamento e de capacitação.

Pretende-se também concentrar esforços na elaboração de vídeo-tutoriais online, nos moldes do que foi desenvolvido para ensinar como utilizar a plataforma produzida (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X2f5GTd_oos), para produzir também um material que ensine aos envolvidos não somente como usar, mas também como criar mapas digitais colaborativos, ampliando o aprendizado adquirido com o envolvimento no projeto para além de seus limites imediatos, e oferecendo maiores incentivos para a particpação e o engajamento dos diversos grupos que pretendemos atingir.


B. COMPARTILHAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO COMUM


Partindo de experiências já consolidadas do grupo de pesquisa Indisciplinar em mapeamentos digitais colaborativos feitos em diversos momentos e contextos, utilizaremos como material as plataformas de mapeamento colaborativo do CrowdMap, plataforma de código livre, desenvolvido pelo USHAHIDI e o Mapa de Vista desenvolvido pelo HackLab. Os mapeamentos colaborativos são utilizados para criar uma interface intuitiva e sensível de uma base de dados sobre o Comum a ser compartilhado e distribuído na RMBH. É muito importante entender a metodologia de sensibilização de dados como uma maneira de inserir o indivíduo na informação. Quando isso ocorre, provoca-se imediatamente uma reação e consequente diálogo. Deste modo, é necessário também que junto dos mapeamentos sejam elaboradas bases que sensibilizem a informação. Estas bases podem ser por exemplo; vídeos, animações, infográficos, ensaios fotográficos, diagramas e mapas interativos.


Na aplicação prática das tecnologias de conexão desenvolvidas, são promovidos pequenos cursos de capacitação com comunidades e movimentos sociais para que possam utilizar da melhor forma possível os recursos de mapeamento colaborativo e de conexão digital em aplicações web e aplicações móveis. Deste modo, pretende-se que as comunidades sejam autônomas tanto no processo de uso quanto na gestão das ferramentas. Em um segundo momento, como desdobramento do projeto, deslumbra-se formação em comunidades e movimentos sociais tendo como foco a juventude, que poderá se capacitar em programação e design de ferramentas digitais.


Em resumo, o projeto terá como material de trabalho e produção processual:

  • mapas colaborativos em plataforma web;
  • mapas colaborativos integrados a plataforma web por meio de aplicações móveis para Android e IOS;
  • vídeos e animações;
  • infográficos e diagramas;
  • ensaios fotográficos.


Este material será utilizado nos seguintes processos:

  • conexão de indivíduos, grupos, comunidades e movimentos sociais em oficinas de capacitação em conexão digital;
  • sensibilização dos cidadãos nas questões políticas abordado nas 3 bases operacionais;
  • intensificação e potencialização das trocas de experiências entre diversos atores interessados em discutir e construir propostas que emergem nas conexões feitas pelas bases operacionais;
  • conectar cidadãos afim de potencializar ações que levem à autônomia e solidariedade.



C. ARTESANIAS DO COMUM


A metodologia de trabalho tem como diretrizes a construção coletiva e colaborativa em todo o processo de desenvolvimento, execução e avaliação do projeto. Toda a produção deste programa deve ativar processos de empoderamento e autonomia de grupos sociais ao mesmo tempo em que encoraja uma postura de pesquisa-ação pelo corpo universitário. Destacam-se, ademais, os seguintes eixos:


1) Cartografia Cultural das Ocupações Urbanas - Metodologia de pesquisa-ação para elaboração sistematizada de cartografias críticas, georreferenciadas e colaborativas que, por meio de processos acadêmicos e participativos, localizem, no território das ocupações, as atividades culturais existentes. https://culturabh.crowdmap.com/. Pretende-se gerar análises sócio-territoriais complexas, capazes de apontar possíveis caminhos para o desenvolvimento comunitário nos quais a dinâmica de produção de cultura seja inclusiva e descentralizada.

2) -Laboratório Itinerante - utilização de um veículo como base móvel para produção e desenvolvimento comunitário dos mecanismos de Cultura Comum - em cada uma das Ocupações Urbanas - Este eixo compreende, desde o desenvolvimento de um laboratório cultural itinerante móvel que percorrerá as ocupações urbanas com a realização de oficinas e atividades para projetar e organizar a construção cultural comunitária, bem como capacitações técnicas e fornecimento dos equipamentos básicos para a realização das atividades do projeto. Compreende também a realização de eventos produzidos de maneira colaborativa em cada uma das ocupações, com o intuito de estimular, compartilhar e articular iniciativas artísticas e culturais genuínas, silenciadas pela marginalização de tais comunidades.

3) Autogestão - Desenvolvimento de uma metodologia de autogestão do laboratorio móvel entre moradores; Eaboração de plano de manutenção do programa; articulação com rede ampla da cultura da RMBH. Oficinas dinâmicas sobre autogestão do espaço, desenvolvimento de projetos socio-culturais, comunicação e inclusão digital e capacitação para utilização dos equipamentos

4) Interconexão e produção em rede: Fortalecer a potência produtiva das ocupações por meio do desenvolvimento dessa rede pautados nas diretrizes da economia popular solidária e estimulando os recursos e destaques já presentes nas comunidade, difundindo assim cultura e informação.

5) Publicação acadêmica; publicações online; cartilhas comunitárias de utilização do laboratório cultural móvel e dos equipamentos com intuito de replicar o conhecimento desenvolvido no projeto.


Nesse sentido, é imprescindível destacar o caráter colaborativo da construção metodológica, uma vez que toda a construção do método de atuação junto às comunidades e movimentos sociais foi desenvolvida em consonância com eles, fruto da experiência e da valorização dos diferentes saberes, percebendo, nesse formato, uma potencialização do processo de desenvolvimento e aprendizado mútuo. Salienta-se, sobretudo, que a construção metodológica, apesar de sua significativa carga de experiência, não se encontra rígida ou estanque, adaptando-se sempre às diferentes realidades e demandas por nós enfrentadas, dessa forma a avaliação do processo é realizada de forma constante, desde o início por meio do alinhamento de expectativas e planejamento, durante o processo por meio de dinâmicas, discussões pessoais e em grupo e no momento da conclusão no qual as experiências são sintetizadas e compatilhadas, de forma a registrar os avanços e desafios encarando diferentes perspectivas numa postura de constante troca e desenvolvimento


Portanto, a avaliação será realizada por meio de relatórios semestrais a partir de entrevistas orais e depoimentos audiovisuais (fontes: formulário de avaliação realizado pelos alunos bolsistas com os agentes envolvidos + vídeo coletando depoimentos dos beneficiários), a serem comparados com as metas descritas no Plano de Ação, e com a situação identificada no marco zero do programa.

    1.6.5 Relação Ensino, Pesquisa e Extensão
    As atividades do IND. LAB compreendem, imbricando-as indissociadamente, teoria e prática, atividades de ensino, pesquisa e extensão (disciplinas, grupos de estudos, publicações, eventos, assessoria técnica, projetos extensionistas e de pesquisa), ativismo urbano e experiências diversas em uma abordagem transversal e indisciplinar na construção de uma experiência criativa e desierarquizada do espaço urbano. Acreditando na COPESQUISA e na CARTOGRAFIA como métodos de pesquisa engajado e militante, possuímos diversas estratégias de ação envolvendo a GERAÇÃO DE TECNOLOGIA SOCIAL (compartilhar e re-aplicar o conhecimento produzido coletivamente e produção de metodologias que possam ser multiplicadas). Tem como pressuposto central a ideia de que o conhecimentoque se difunde e se produz nas ações extensionistas se constrói no encontro entre o universo acadêmico e do saber popular.


EM BUSCA DA INDISCIPLINA

Trazendo a discussão da disciplina, dispositivo do bipoder e do controle da vida e do conhecimento nas sociedades disciplinares a partir do século XVII, que legitimou e organizou as instituições acadêmicas ampliando radicalmente o número de escolas e universidades ao longo do século XIX, para o questionamento do ambiente acadêmico atual no Brasil e em quase todos os países do mundo, podemos perceber que este enquadramento do saber em disciplinas, que, diferente do português, em espanhol significa assignatura, gera um leque de problemas de conduta cotidiana na vida de professores e educadores, que impedem o agenciamento de novas formas pedagógicas e educativas. Há uma exigência nacional que controla as formas de trocar o conhecimento. Necessita-se um enquadramento do conhecimento em disciplinas para que se gerem as grades e matrizes curriculares.


Contraditoriamente, nossas agências de fomento à produção acadêmica que financiamento de pesquisa e extensão no Brasil, via de regra incluem em seus indicadores de avaliação dos Projetos e Programas em editais o indicador da interdisciplinaridade gerando uma esquizofrenia entre os sistemas que compõem o sistema geral do ensino nas universidades brasileiras: relação indissociada entre ensino, pesquisa e extensão. Como os currículos dos cursos, em sua maioria nas universidades brasileiras é organizado em disciplinas estanques, inventa-se formas de relacionar pesquisa e extensão furando o sistema tradicional que é pensado disciplinarmente.


Daí surgem algumas questões de ordem conceitual e política que envolvem projetos de ensino em todas as áreas de conhecimento: Como e para que é importante um saber isolado, íntegro e total? A quem interessa esta divisão do conhecimento em setor, grades, matrizes e categorias? A quem interessa a produção de um conhecimento estanque dentro das escolas e das universidades? A quem interessa um conhecimento taxonômico do mundo e das coisas? A quem interessa a separação entre as disciplinas? E poder-se-ia divagar um pouco mais: Entre natureza e artifício? Entre sujeito e objeto? Entre centro e periferia? Entre espaço mental e espaço vivido? Entre global e local? Entre arte e design? Entre arquitetura e urbanismo?


Sabemos que estas dicotomias nos levam a um grande equívoco próprio do conhecimento acadêmico atual e que é incompatível com a idéia tão difundida da interdisciplinaridade. Pensando nesta situação, sugerimos aqui a Extensão Universitária como o lugar da liberdade e da desierarquização do conhecimento envolvendo o ensino e a pesquisa. Trata-se de pensar estas disciplinas de forma indisciplinar que age simultaneamente dentro e fora dos centros produtores de conhecimento, e que pode adotar um pensamento-ação crítico e de resistência. Isto tudo tem a ver com conhecimento, com potência criativa, com invenção, com política cultural, com política acadêmica, com política pública, com urbanismo, com o direito à cidade. Tudo isto tem relação direta com indignação, com possibilidade do uso livre do mundo. Tudo isto deveria interessar aos artistas, designers, arquitetos e urbanistas. Mais do que difundir a técnica, seria preciso incitar os alunos, técnicos e professores os envolvidos um posicionamento crítico frente ao mundo. Acredita-se que realizar uma atuação militante dentro da universidade exige que se faça um movimento de cruzamento: entre os saberes populares e eruditos, entre os modos de vida da periferia e dos seus técnicos, alunos e professores. Cruzar as fronteiras, territoriais e espaciais, mas também, e principalmente, sociais.


Repensando o ensino que envolve a cultura, a arte, o design, a arquitetura e o urbanismo, teríamos que compreender que são disciplinas indisciplinares que envolvem a vida como um todo e produzem espaços e que estes são políticos e nunca neutros. Entende-se que atualmente tudo é urbano. Entende-se que a produção do espaço urbano é cultural, social, política, econômica, e portanto, indisciplinar por sua natureza híbrida.


EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E TECNOLOGIA SOCIAL

Acredita-se que dentro das universidades brasileiras e latino-americanas, a extensão é o ponto de resistência! Segundo o Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, a Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre universidade e outros setores da sociedade.


Para nós, educadores, pensando no ensino e na produção da arte, do design e da arquitetura, é necessária uma introdução de outras formas para lidar com os processos de criação, que possibilitem novos parâmetros produtivos, que promovam a consolidação de um campo expandido para estas disciplinas, para além do tecnicismo e do mercado de produção em massa (tanto da arquitetura quanto do design industrial), para além da geração de obras (de arte autorais para serem legitimadas por instituições via bienais, etc e, consequentemente, comercializadas em galerias de luxo). É muito importante incentivar um desenvolvimento cultural contaminado pelo cotidiano, e que possa existir de uma maneira mais social e política, criando um ambiente para a existência de ações mais engajadas e militantes. Projetos e ações menos estéticas e mais éticas.


A produção do conhecimento, via extensão, se faria na troca de saberes sistematizados entre o acadêmico e o popular, tendo como conseqüência a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do confronto com a realidade. Neste sentido nos deparamos com a idéia de geração de tecnologia social, que surgiria através deste confronto desierarquizado de saberes.


Acredita-se que a extensão não deve transferir conhecimento da universidade para uma comunidade, mas sim, construir conhecimento coletivamente num ambiente de troca constante. O objetivo essencial do trabalho extensionista é, ou deveria ser, o de estabelecer uma rede de trocas desierarquizada e compreender que todos aprendem e ampliam os seus horizontes ao longo destas experiências. Nestes projetos de extensão que irei apresentar em seguida, a consciência da atuação política é evocada a todo momento para que a construção das tecnologias sociais não aconteça de forma consciente apenas no nível técnico e burocrático, o que é um risco evidente dentro das estruturas acadêmicas.


Mesmo que a pesquisa seja o movimento acadêmico mais valorizado por todos os órgãos de fomento no Brasil e no mundo, a extensão é o lugar da geração de tecnologia social, conceito que surge claramente no sentido de equilibrar, ou iniciar um equilíbrio, entre os incentivos de financiamento de pesquisas científicas (que interessam ao mercado, às indústrias e, portanto, explicitamente, ao capital) e projetos de extensão, que estão interessados em fomentar a produção do conhecimento entre universidade e comunidades em estado de vulnerabilidade social.


Segundo Lassance e Pedreira (2004: 66), tecnologias sociais reaplicáveis podem ser definidas como um “conjunto de técnicas e procedimentos, associados às formas de organização coletiva, que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida.” No mesmo sentido, Boaventura de Souza Santos defende a extensão como fundamental:


'numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as atividades, hoje ditas de extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem a ser parte integrante das atividades de investigação e de ensino.'(SANTOS apud SOBRINHO, 2000: 50)


Todos devem ganhar neste processo de troca universidade-comunidade-parceiros, que engloba a generosidade e a solidariedade humana, dentro de um movimento de tradução, invenção e formulação de tecnologia social. Desenvolvendo projetos de extensão, aliados à pesquisas que desloquem e aprimorem constantemente o fazer, é possível gerar, através do encontro de instituições, profissionais e pessoas de realidades sociais e culturais diversas, atos que se dão como biopotência, que resistem aos mecanismos do biopoder estabelecidos pelas relações perversas do capital contemporâneo. Propõem-se aqui ações de extensão como catalizadoras do poder da Multidão.


Também é importante resssaltar que as pesquisas e os projetos de extensão do Ind.Lab são trabalhados dentro de algumas disciplinas, mas principalmente na UNI 009 Cartografias Emergentes da Cultura que é aberta para toda universidade.

1.6.6 Avaliação

	Pelo Público
	 	Este projeto prevê indicadores de avaliação que serão articulados com os objetivos específicos e com as ações que garantam o cumprimento das metas. Está previsto que durante todo o desenvolvimento dos projetos, inclusive anterior e posteriormente, por meio do alinhamento de expectativas e da retomada das questões enfrentadas quando da síntese do projeto e das ações paralelas (como eventos e publicações), será realizado trimestralmente um relatório contendo o Plano de Ação que contém os indicadores de avaliação, sempre a partir do marco zero, para que se possa compreender como as ações garantem o cumprimento dos objetivos e se estes encontram-­‐se dentro dos prazos previstos pelo cronograma. Para a avaliação contínua das ações do Programa, elencam-­se alguns indicadores que serão verificados por meio de observação, formulação de questionários, entrevistas e documentação audiovisual a serem efetuadas pela equipe, parceiros e professores convidados: _Em relação aos beneficiários diretos, deverá ser considerado seu empoderamento, incremento de renda, melhoria da qualidade de vida, a qual envolve trabalho, saúde e educação, capacidade de gerir e empreender próprios negócios, aprimoramento das suas habilidades profissionais, apropriação de novas práticas, tecnologias e métodos de comercialização, como meios de distribuição e comunicação, melhoria na infra estrutura para a produção e a melhoria na produtividade, observando a ampliação efetiva do seu repertório cultural; _A capacitação politica, social e de protagonismo dos participantes das atividades desenvolvidas na produção das cartografias criticas; Em relação à comunidade local, deverá ser considerado o fortalecimento de uma identidade cultural,a apropriação das práticas e tecnologias por parte da comunidade, a mudança de hábitos, que implicam no consumo de produtos fruto das atividades do projeto, a ampliação da consciência socioambiental e melhorias ambientais no bairro; _Analise dos desdobramentos que se deram a partir da realização das oficinas, como exemplo, formação de novos coletivos, associações de bairro, cooperativas e outros; _A reutilização da metodologia da produção destas cartografias por outros grupos e pessoas; _Avaliação qualitativa e quantitativa. Número de público frequentando os eventos (acadêmicos e culturais) e também entrevistas com os participantes diretos como palestrantes, artistas, etc;
	Pela Equipe
	 	_Em relação à comunidade acadêmica, deverá ser verificado o grau de comprometimento da universidade com o projeto, sua contribuição para o aprimoramento da pesquisa e ensino, a influência do projeto afim de envolver a comunidade acadêmica em outros projetos e iniciativas sociais, a construção da identidade profissional e a formação do universitário, a ampliação de parceiros e a possibilidade de continuidade e ampliação do projeto. _Em relação aos bolsistas participantes do programa, para a verificação e avaliação da influencia do projeto na sua formação profissional será considerado o comprometimento e participação do estudante em todas as atividades, a avaliação da produção e sistematização de conhecimentos, o que envolve publicações, produções de artigos e portfólio e o envolvimento dos bolsistas com um grupo multidisciplinar. Deve-­‐se ressaltar que à atividade de extensão, serão atribuídos créditos para integralização curricular. Para isso, a participação neste projeto deverá ser registrada nos Colegiados de origem dos estudantes.
    

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SILVA,Christian Luiz da. Desenvolvimento sustentável: um conceito multidisciplinar. In reflexões sobre o desenvolvimento sustentável: agentes e interações sobre a ótica multidisciplinar. Christian Luiz da Silva, Judas Tadeu Grassi Mendes (orgs.) Petrópolis, RJ:Editora Vozes, 2005,p.11/40


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Theory and Practice: A Scientific Autobiography (II). (Architectural Theory and Education in the Millennium. Part 6/II), A+U, no.379,abril de 2002.

    1.6.8 Observações
     

1.7 Divulgação/Certificados

    Meios de Divulgação:		Mala Direta, Internet, Imprensa
    Contato:		Natacha Rena - coordenadora do projeto
    Emissão de
    Certificados:		Participantes

Equipe de Execução

    Quantidade Estimada de
    Certificados para Participantes:		600
    Quantidade Estimada de
    Certificados para Equipe 
    de Execução:		40
    Total de Certificados:		640
    Menção Mínima:		MM
    Freqência Mínima:		 
    Justificativa de Certificados:		Os certificados de comprovação de participação nas atividades do projeto são para público interno, parceiros e participantes da oficinas do projeto.

1.8 Outros Produtos Acadêmicos

    Gera Produtos:		Sim
    Produtos:		Artigo Completo

Jornal Livro Oficina Pôster Produto Artístico Produto Audiovisual-Vídeo Relatório Técnico Revista Software Website

    Descrição/Tiragem:		
    Gera Propriedade Intelectual:		Não

1.9 Arquivos Anexos Nome Tipo Design Noturno - Projeto de Cria+º+úo.pdfpdf Outro Arquitetura e Urbanismo Diurno - Projeto Pedag+¦gico.pdfpdf Outro Arquitetura e Urbanismo Noturno - Projeto Pedag+¦gico.pdfpdf Outro Carta anuência IndLab_ECLE.pdfpdf Carta de apoio carta de anuencia brigadas populares.pdfpdf Carta de apoio carta de anuencia casa palmares.pdfpdf Carta de apoio