Mudanças entre as edições de "Biopotência"

De Indisciplinar
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Edição das 11h48min de 26 de janeiro de 2015

é o poder da vida. Na inversão de sentido do termo biopolítica, esta deixa de ser o poder sobre a vida, e passa a ser o poder da vida ou o que poderíamos chamar também de biopotência (no sentido de diferencia-la da biopolítica Imperial). É justamente essa perspectiva mais otimista sobre a biopolítica que abre espaço para a discussão da potência biopolítica da multidão, ou a biopotência da multidão, pois acredita-se que paralelamente, ou mesmo dentro deste sistema flexível e movente do capitalismo contemporâneo, é possível resistir positivamente, ativando processos que fogem à lógica da captura das máquinas biopolíticas de subjetivação. Enxerga-se no poder político da multidão (corpo biopolítico coletivo, heterogêneo, multidirecional) uma biopotência que produz e é produzida pelas fontes de energia e valor capitalizadas pelo Império. E é por meio da multidão, com a força virtual de seus corpos, mentes e desejos coletivos, que acredita-se ser possível resistir e escapar a essa nova ordem neoliberal. Diante do poder virtual inerente à multidão, vislumbram-se novas possibilidades de subverter o Império e superá-lo, tirando partido do caldo biopolítico, dos desejos e subjetividades coletivos. A multidão enquanto organização biopolítica, é o que pode construir uma resistência positiva, biopotência criativa e inovadora, produzindo e sendo gerada pelo desejo do comum. A biopotência representaria um contraponto radical a esse poder de captura capitalista, uma verdadeira reviravolta que se insinua no extremo oposto da linha, no qual a vida revela no processo mesmo de expropriação, sua potência indomável. Um dos motivos pelos quais isso se torna possível é o fato que a força-inventiva da qual o capitalismo se apropria, não emana do capital, mas prescinde dele. O núcleo central em torno do qual gira todo o sistema representa, assim, justamente o que se tem de humanamente mais próprio, a força do pensamento e da criação. E essa força não só não deriva do capital, como existe antes e independentemente do mesmo. Sendo assim, a resistência encontra-se na própria vida, e ao mesmo tempo no núcleo exato de dominação da mesma. [Assim, surgem novas possibilidades de resistência, que devem ser pensadas, segundo Pelbart (2003), a partir do reconhecimento de toda essa potência de vida, disseminada por toda parte. Cada indivíduo representaria um grau de potência específico, relacionado a sua capacidade de afetar-se e de ser afetado. A constituição de uma grupalidade, ou seja, de um corpo múltiplo, abarcaria, portanto, todas essas singularidades.]