Espaço

De Indisciplinar
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produção social do espaço fica a dever-se à obra de referência de Henri Lefebvre (1974), cujo contributo influenciou de forma determinante o universo teórico marxista e a produção científica da teoria social, incluindo a dos geógrafos David Harvey, Neil Smith, Allen Scott e Edward Soja, entre muitos outros. O enfoque de Lefebvre visa menos ao processo de produção e mais à reprodução das relações sociais de produção que, diz o autor, constituiu o processo central e oculto da sociedade capitalista. E este processo é essencialmente espacial. A produção das relações sociais de produção não ocorre somente na fábrica, nem tampouco numa sociedade como um todo, de acordo com Lefebvre, mas no espaço como um todo. As relações espaciais são geradas logicamente, mas tornam-se dialetizadas através da atividade humana no espaço e sobre ele. A produção do espaço urbano é desenvolvida aqui, dentro da perspectiva aberta pelo materialismo dialéctico. Ao propor a dialética socio-espacial, Richard Peet (1978) e Edward Soja (1980) têm apoiado, aperfeiçoado e desenvolvido as ideias básicas da visão lefebvriana, bem como Smith, princípio sempre presente na análise da reestruturação do espaço urbano. O espaço urbano não é imutável. Tal como o sistema económico e social, ele transforma-se, pelo que as suas estruturas materiais e a organização mudam de feição. O sistema produtivo resulta da articu- lação dos elementos de produção, consumo, circula- ção ou distribuição e gestão. Todos estes elementos estão relacionados entre si e modelam o espaço, não só porque se realizam mediante estruturas localizadas, mas também pelas relações que mantêm, e que se articulam no espaço geográfico. Assim, as modificações na produção e apropriação do espaço urbano estão sempre associadas às dinâmicas globais da economia, isto é, ao modo de produção capitalista subjacente, funcionando, em simultâneo, como uma forma de expressão espacial destas (talvez a mais importante e visível) e, também, como um dos meios que possibilitam a sua sustentação. Portanto, o espaço não é uma entidade neutra, vazia de conteúdo social. Cada sociedade produz os seus espaços, determina os seus ritmos de vida, modos de apropriação, expressando a sua função social, pelas formas através das quais o ser humano se apropria e que vão ganhando o significado dado pelo uso. É o princípio do espaço como categoria social real, o espaço-resultado, construído e em construção, o espaço real como demarcação de práticas sociais precisas, realidade que não prescinde, em hipótese alguma, da vitalidade histórica que lhe é imprimida por uma sociedade concreta.