Distribuição do verde no desenho da cidade

De Indisciplinar
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RESUMO

Inicialmente apresentamos uma análise crítica de como a construção das cidades modernas ao longo do século XIX e XX lidou com a natureza do ponto de vista social, cultural e cotidiano. Partindo de reflexões de Carolyn Steel (2013) que nos fala da emancipação da cidade da natureza e de seus ciclos, passando pela sentimentalização da natureza descrita por Jane Jacobs (2000), propomos uma visão de Natureza Urbana nas cidades contemporâneas. Num segundo momento, buscamos verificar como a Natureza Urbana faz parte do desenho de algumas cidades escolhidas como estudo de caso para observarmos principalmente o aspecto cultural e acesso/uso cotidiano. No caso específico, observamos as áreas verdes das cidades. Como suporte de análise e discussão deste trabalho, desenvolvemos diagramas que, a partir de alguns critérios específicos, permitiram visualizar e discutir como o verde é distribuído nas cidades analisadas e quais são suas implicações para o ambiente urbano e para o cotidiano de seus moradores.


PALAVRAS-CHAVE: Natureza Urbana, Rede Verde, Compartilhamento e Distribuição do Comum, Ambiente Urbano, Cidades Verdes.

1 INTRODUÇÃO

Carolyn Steel (2013) relata com precisão o processo histórico que culminou com a emancipação final da cidade de qualquer relação aparente com a natureza. Analisando o vínculo entre alimentação e a vida cotidiana das cidades, Steel descreve como as relações sociais cotidianas do sistema, incluso as familiares e afetivas, se constituíram na dependência dos ciclos naturais de produção e comercialização dos alimentos. Numa retrospectiva histórica, Steel mostra como a modernização das cidades foi desumanizando essa relação causando danos à existência humana no século XXI. Neste processo emancipatório, nossa relação com a alimentação e consequentemente com a natureza, que é quem nos fornece o alimento essencial à vida, torna-se mecanizada e automatizada. Assim, o que antes era o centro da vida familiar, comunitária e urbana, torna-se periférico e com altos prejuízos tanto ao meio ambiente quanto à saúde. A ineficiência deste processo produtivo é algo significativo. Hoje para conseguir comida, entramos em nossos carros e dirigimos até um supermercado onde levamos comida o suficiente para encher nossa geladeira e dispensa por uma semana ou mais. A comida que costumava ser o centro, o núcleo social nas primeiras cidades, agora está na periferia, num supermercado, num shopping qualquer. Antes era um evento social, comprar e vender comida em feiras e agora é um processo anônimo e tão automatizado, que serviços de venda de alimentos online com entrega à domicílio parecem ser tão óbvios e práticos que nos perguntamos porque não existiam antes. Tudo tende à um instantâneo - plantar, colher, preparar, comercializar, negociar, comprar, preparar, cozinhar, assentar-se à mesa e compartilhar o alimento - tudo isso cabe num pacote de papel que nós tiramos da dispensa, derramamos numa travessa, adicionamos água quente, misturamos e pronto! A quantidade de processos econômicos, culturais, sociais e afetivos que foi suprimido do cotidiano urbano neste sistema que acabamos de descrever é considerável. Steel nos alerta para o fato de que processos suprimidos seriam motivados por um instinto de viver que é se alimentar. Logo, ao suprimir essa luta pela vida, o que nos resta como motivação, estímulo e luta para viver? Jane Jacobs (2000, p.494) nos fala que os seres humanos fazem parte da natureza e, sendo o produto de uma forma de natureza, as cidades dos seres humanos são tão naturais quanto qualquer outro ambiente. Deste modo, a separação do ambiente urbano ou dos ambientes naturais se desdobra num processo de sentimentalização onde a natureza é admirada e ao mesmo tempo, segundo Jacobs (2000, p. 495), é objeto de um profundo descaso inconsciente. Quando pensamos em natureza numa perspectiva urbana, logo pensamos em pedaços reservados para tal função, assim como se desenvolveu todas as soluções para os problemas das cidades no mundo moderno. Uma simplificação de funções e variáveis onde partes se organizam de modo funcional, como uma máquina. Assim como Jacobs, Simmel (2009) já alertava que "um pedaço de natureza é uma contradição; a natureza não tem fracções; é a unidade de um todo, e no momento em que dela se aparta deixará de ser natureza" (SIMMEL, 2009, p.6). Logo, se separamos a cidade da natureza, estamos falando de um ambiente totalmente artificial, ou em outras palavras, sem vida. Cidades sem vida, ou cidades mortas são possíveis? Acreditamos que não, mas quando há uma intenção em separá-la acaba-se por criar um espaço onde os problemas são ordenados de forma simplificada e protegidos dentro de um ambiente artificialmente esterilizado. Um exemplo desta possibilidade é criação em proporções sem precedentes de réplicas de cidades inteiras na China, atualmente conhecidas como Ghost Cities of China, sem moradores, anunciando um colapso em cascata do sistema de commodities do mercado financeiro mundial (SHEPARD, 2015, loc.183). Estas réplicas sem vida, foram desenhadas por designers, urbanistas, arquitetos e engenheiros que nunca estiveram na China (SHEPARD, 2015, loc.162). Ao alcançar o extremo da simplificação das variáveis naturais de uma cidade, permitiu que no século XXI conseguíssemos construir cidades sem habitantes. Estas sim, em oposição às cidades vivas de Jacobs e naturais de Simmel. Ao entender a Natureza Urbana da cidade, reconhecemos que o consumo de recursos naturais para se manter a cidade não ocorre de modo independente e desconectado. A cidade não é uma bolha à parte da natureza. Hoje, os campos de soja no interior do Mato Grosso e as novas usinas hidroelétricas no norte do Brasil que se impõe sobre a floresta amazônica é um desdobramento direto das infraestruturas conectadas diretamente com redes de cidades em uma escala global. Monte-Mór (1994, p.171) nos mostra este processo ao falar de "uma urbanização extensiva que se estende para além das cidades em redes que penetram virtualmente todos os espaços regionais integrando-os em malhas mundiais". Trata-se de uma rede complexa e distribuída de fluxos de recursos que alimentam um sistema dinâmico que é o processo de urbanização. Ao analisar um problema específico da cidade, como por exemplo, o índice de áreas verdes, Jacobs (2000, pp. 482 e 483) nos mostra que o problema vai além de indicadores. Não adianta entender o problema de forma simplificada pois este é um problema de complexidade organizada. Assim como todos os demais problemas da cidade inter-relacionam sutilmente seus fatores, esta rede complexa nos solicita um olhar para o verde das cidades não apenas sob o ponto de vista de quantitativo e muito menos sobre o ponto de vista paisagístico. O verde na cidade, enquanto natureza urbana, não é algo para ser contemplado ou para compor uma paisagem estática e morta de uma cidade idealizada. A paisagem das cidades é dinâmica e se transforma com o tempo pois é afetada diretamente por todas estas inter-relações dinâmicas de complexidade organizada. Não podemos simplificar o problema como fez Ebenezer Howard na teoria de planejamento da Cidade-Jardim onde as variáveis foram simplificadas a tal ponto de se propor cidades autossuficientes. Hoje sabemos que não há como uma cidade ser autossuficiente pois a interdependência e a vida das cidades está cada vez mais conectada a uma rede distribuída globalmente. A Cidade-Jardim de Howard é tão antinatural quanto as Ghost Cities of China. Precisamos reconhecer a Natureza Urbana na cidade como uma rede verde. E assim como toda rede de complexidade organizada, apresentando uma topologia distribuída, complexa e inter-relacionada com diversas variáveis.

2 OBJETIVOS

Cavalheiro e Del Picchia (1992) nos fala que as cidades precisam ser pensadas integrando a natureza com a cultura de seus habitantes. Como forma de eleger cidades verdes, no Brasil é muito divulgado índices da ONU (Organização das Nações Unidas) ou da OMS (Organização Mundial da Saúde), que consideram um ideal de metro quadrado de área verde por habitante. Entretanto, este índice nunca foi comprovado em documentação oficial [4]. As cidades brasileiras que elegemos para este estudo alcançam e extrapolam estes índices, mas há de se verificar se a Natureza Urbana faz parte do cotidiano de seus moradores. Desde modo, objetivamos analisar o verde na cidade de um ponto de vista menos quantitativo e mais qualitativo. Observar o verde enquanto Natureza Urbana e não como uma porção de natureza dentro de um plano funcional. Do ponto de vista qualitativo, a inserção do verde nas dinâmicas espaciais urbanas são fundamentais. Um excelente exemplo de como uma cidade pode lidar com a Natureza Urbana pode ser observado em Cuba, onde até 1989, mais da metade dos alimentos consumidos eram importados da União Soviética. Com o colapso desta rede global, a cidade de Cuba foi forçada a encontrar soluções para alimentar seus moradores que imediatamente começaram a plantar em terraços, varandas, coberturas, canteiros, praças e lotes vagos. Toda a infraestrutura da cidade foi hibridizada num sistema produtivo agrícola local. Deste modo, entendemos o verde, ou a Natureza Urbana como algo que se funde com a arquitetura e o desenho urbano da cidade não como elemento contemplativo ou reserva patrimonial, mas como parte da vida de seus habitantes numa escala essencialmente local. Posto isso, queremos observar e entender que só há discussão qualitativa da Natureza Urbana na cidade quando há acesso ao verde em todas as suas escalas, usos e dimensões sociais econômicas e culturais. Sem acesso ao verde não faz sentido eleger indicadores quantitativos ou metas de áreas verde por habitante. Sendo assim, uma parte da nossa pesquisa sobre a Natureza Urbana buscou observar como o verde é distribuído nas cidades. Entende-se o distribuído como algo descentralizado, imediatamente acessível e diretamente conectado. Ou seja, é objetivo perceber o quanto as nossas cidades tendem a ser diretamente conectadas com a natureza e quando a natureza é colocada à parte da cidade. Mesmo que a presença da natureza seja intensa do ponto de vista paisagístico, ela nem sempre está distribuída; ou seja, imediatamente acessível e conectada à vida cotidiana de seus moradores. Tomamos como ponto de partida para nossa análise uma pesquisa por diagramas onde procuramos observar como as áreas verdes são distribuídas em algumas cidades. Partindo do entendimento de Natureza Urbana como ambiente integrado - cidade/natureza, entendemos que a distribuição de espaços verdes na cidade é a única forma de promover uma aproximação prática e cotidiana cidade/natureza.

3 METODOLOGIA

Construímos diagramas de algumas cidades brasileiras e de outros países destacando o que é superficialmente verde no tecido urbano para se observar visualmente como o verde se distribui na cidade. O método de análise por diagrama permite construir imagens que tornam a informação sensivelmente mais tátil do que se estivéssemos trabalhando com números e percentuais numa tabela. Ao utilizar diagramas como método, estamos criando formas de visualização de uma situação sem compromisso com dados ou rigor técnico. Logo, não estamos fazendo um levantamento técnico estatístico, mas muito mais um procedimento artístico e aberto de produção de base informacional que suscite questões e estabeleça a possibilidade de uma conversa sobre o tema.

4 MÉTODO DE ANÁLISE

Para análise da importância e inserção das áreas verdes nas cidades foi feita uma comparação visual entre recortes de aproximados 10.000m x 7.000m de imagens de satélite da região central de 4 cidades brasileiras e 1 europeia: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Copenhague. Através da edição das imagens, foi destacada toda a superfície verde da cidade identificando suas áreas residuais, quintais, lotes, praças, parques, APP’s, etc., de forma que o que fosse de cor verde seria destacado com a cor preta, e o restante das cores da imagem são apuradas como de cor branca. Ao destacar a cor verde percebemos intensidades sua intensidade, manchas mais escuras com alta densidade e mais claras com pouca densidade. A partir de então foi possível fazer uma investigação de áreas que são significantemente negras no mapa, portanto de maior importância. Destas, identificamos as áreas que possuem livre acesso público, sejam elas públicas ou privadas. Segundo Nucci (2001), deverão ser áreas inseridas na mancha urbana que tenham uso da população residente daquela área. Diante da qualidade ambiental e social que essas áreas podem promover, considerando o aspecto de caminhabilidade como um dos fatores que garantem o uso desses espaços dentro da dinâmica urbana, é traçado um raio de 1,5 km partindo de um ponto central quando a área verde for aberta para a malha urbana, ou de sua entrada principal quando a área verde for cercada.

4 RESULTADOS

O recorte do Rio de Janeiro (5.265,82 Hab/Km2) (figura 1), assim como o de Belo Horizonte (8.773,4 Hab/Km2) (figura 2), que abrange o centro e bairros imediatamente próximos à área central, apresentam aspectos semelhantes no que diz respeito à quantidade de área verde, seu uso e sua distribuição. Ambas imagens apresentam avantajadas manchas de áreas verde que compreendem o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Municipal das Mangabeiras, respectivamente. São reservas concentradas em uma determinada região da cidade, que funcionam como entidades independentes da lógica urbana em que estão inseridas. No Rio de Janeiro o recorte encerrou a face norte do Parque abrangendo o centro e o porto, deixando a área que está entre o mar e o Parque fora da análise.

Figura 1: Recorte do Rio de Janeiro. EstudoverdeRiodeJaneiro.png

Fonte: GOOGLE IMAGENS - Editado, 2015.

Figura 2: Recorte de Belo Horizonte. EstudoverdeBH.png

Fonte: GOOGLE IMAGENS - Editado, 2015.

É possível averiguar que grande parte dos recortes das duas cidades apresenta uma malha clara e pouco expressiva de arborização viária. Muitos pontos de concentração de área verde, arborizados ou não, se destacam nestas malhas, mas a maioria não são classificados para fins de análise, por serem de propriedade privada, sujeitos a intervenções (lotes vagos, áreas residuais cercadas) ou cujo acesso é restrito, como cemitérios e áreas de condomínios fechados.

Figura 3: Recorte de Curitiba. Estudoverdecuritiba.png Fonte: GOOGLE IMAGENS - Editado, 2015.

Curitiba (4.027,04 Hab/Km2) (figura 3) possui manchas de áreas verdes de acesso público significativas inseridas no contexto urbano, além de uma arborização viária mais densa que, aliados ao aspecto de caminhabilidade partindo dos pontos de áreas verdes, potencializa ainda mais o envolvimento de atividades nestes espaços.

Figura 4: Recorte de Brasília. Arquivo:Estudo Verde BRB 01.png

Fonte: GOOGLE IMAGENS - Editado, 2015.

O Plano Piloto de Brasília (444,66 Hab/Km2) (figura 4) institui um aspecto particular de acesso público às áreas livres: as superquadras. A superquadra é uma forma de implantação que valoriza a escala humana de mobilidade e conforto ambiental correspondentes às duas asas do plano. São quadras abertas cuja implantação dos edifícios residenciais se dá sobre pilotis envoltos por áreas generosamente arborizadas que configuram uma forma inusitada de utilização do solo e uma relação mais democrática dos cidadãos para com os espaços livres. As superquadras articulam-se linearmente entre si, e com o Parque da Cidade na Asa Sul, conformando a continuidade desses espaços. Uma relação inversa ocorre para a escala do Eixo Monumental, que legitima o caráter de capital federal, cujas áreas verdes são colossais na paisagem. A escala é compatível com a velocidade do carro, de caráter contemplativo. Diante dessas escalas conceituadas e implantadas por Lucio Costa, para o Eixo Monumental o aspecto de caminhabilidade não poderia ser tratado como sendo parte da dinâmica urbana dessas áreas, apesar de serem verdes e públicas. Em 2014, Copenhague foi eleita pela Comissão Europeia como a cidade mais verde da Europa[5] (EC, 2012).

Figura 5: Recorte de Copenhague. 1000

Fonte: GOOGLE IMAGENS - Editado, 2015.

A imagem da cidades de Copenhague (639 Hab/Km2) (figura 5) apresenta malha substancialmente arborizada quando comparadas com as demais cidades abordadas. É ainda mais significante a densidade de áreas verdes de acesso público, e o resultado do lançamento do raio de 1,5km é a interseção quase completa de todo o recorte da cidade. Ao aproximar e entender como a Natureza Urbana é desenhada na cidade, percebemos planos e políticas voltadas para uma rede de cemitérios tratados como oásis, casas de cultivo agrícola, escolas de jardinagem e uma comunidade de produção e distribuição de alimentos orgânicos produzidos localmente [5]. A Natureza Urbana é inserida no cotidiano da cidade de tal forma que atravessa não apenas todas as quadras, assim como as superquadras em Brasília, mas também a vida de seus habitantes. O lazer, o consumo de alimentos, a mobilidade, a socialização estão diretamente conectados e interdependes desta natureza que se infiltra no desenho da cidade. Ainda como plano de desenvolvimento metropolitano, Copenhague se desenvolve em cinco vetores equidistantes, percebidos em plano como dedos de uma mão aberta, onde o espaço entre os dedos necessariamente é destinado a áreas verdes. A complexidade do desenho da cidade e suas múltiplas variáveis inter-relacionadas são reveladas na agenda de Copenhague ao tratar do verde que incorpora a Natureza Urbana nos planos de transporte local, natureza e biodiversidade, uso sustentável de áreas verdes, poluição sonora, manejo do lixo, tratamento de água e esgoto, performance energética, entre outros explicitados nos relatórios enviados à Comissão Europeia (EC, 2014).

5 CONCLUSÃO

Na consolidação do desenho das cidades brasileiras percebe-se que o verde foi sendo aos poucos separado do cotidiano e do habitar, exceto na superquadras de Brasília. Por outro lado, as superquadras possuem uma restrição quanto a seu uso e apropriação por ser uma área de preservação paisagística tombada, o que impede por exemplo, o desenvolvimento de práticas de agricultura. Nas demais cidades brasileiras, a separação inicialmente se dá de forma funcional do plano urbano quando áreas verdes são destacadas e separadas do parcelamento e separados por domínios privados, muros e cercas que separam os quintas e as chácaras do cotidiano da cidade o tornando uma micro zona de preservação inacessível. As grandes áreas verdes remanescentes estão colocadas às margens da cidade, ainda que bem localizadas, estão desconectadas do uso e do cotidiano de seus moradores por uma legislação que as protege. Estas áreas de preservação permanente (APP’s) são meramente contemplativas para seus habitantes. As áreas verdes que não são contempladas pela lei, geralmente espaços livres residuais da ocupação urbana, que especulam futura ocupação, são imaginário ou cenário de violência; principalmente em função da desarticulação das atividades sociais que envolvam esses espaços numa lógica urbana. São espaços potencialmente verde, mas que estão sujeitos à especulação imobiliária como a Mata do Planalto, o Parque Jardim América, o Izidora, todos em Belo Horizonte (INDISCIPLINAR, 2015) e o Parque Augusta em São Paulo (RENA, 2014). Em Copenhague, percebemos como que a distribuição do verde, acessível e imediato ao cotidiano de seus moradores em toda a extensão do desenho da cidade é estratégico para se conquistar um equilíbrio e uma qualidade do ambiente urbano não apenas do ponto de vista paisagístico, mas também na gestão de rejeitos, transporte, energia, produção de alimentos, saúde, lazer, segurança, entre outros. Nas cidades brasileiras, percebemos um distanciamento dos modos e do entendimento do uso e descarte de recursos naturais, a começar dos alimentos, pelo consumo e descarte da água, da energia e aquele referente ao envolvimento harmônico dos habitantes que foram desfamiliarizados com essa natureza, que é socializante e que é também urbana; Natureza Urbana.

6 REFERÊNCIAS

CAVALHEIRO, Felisberto.; DEL PICCHIA, Paulo Celso Dornelles. Áreas Verdes: conceitos, objetivos e diretrizes para o planejamento. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 4.,Vitória, 1992.

EC, European Comission. European Green Capital: Copenhagen Green Urban Areas. Copenhagen, EC, 2012. disponível em: <http://ec.europa.eu/environment/europeangreencapital/wp-content/uploads/2012/07/Section-3-green-urban-areas_Copenhagen.pdf> acesso em: 29/05/2015.

EC, European Comission. Copenhagen Application. Copenhagen, EC, 2014. disponível em: <http://ec.europa.eu/environment/europeangreencapital/winning-cities/2014-copenhagen/copenhagen-application/index.html> acesso em: 29/05/2015. INDISCIPLINAR. Compartilhamento e Distribuição do Comum. Wiki Indisciplinar, UFMG, Belo Horizonte, 2015. disponível em: <http://wiki.indisciplinar.com/index.php?title=Compartilhamento_e_Distribui%C3%A7%C3%A3o_do_Comum> acesso em 29/05/2015.

INDISCIPLINAR. Rede Verde. Wiki Indisciplinar, UFMG, Belo Horizonte, 2015. disponível em: <http://wiki.indisciplinar.com/index.php?title=Rede_Verde> acesso em 29/05/2015.

JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2000.

MONTE-MÓR, Roberto Luís de M. Urbanização Extensiva e Lógicas de Povoamento: Um Olhar Ambiental. in: SANTOS, Milton et. al. (orgs.) Território, globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1994 (pp. 169-181)

NUCCI, João Carlos. Qualidade ambiental e adensamento urbano. São Paulo, SP: Humanitas, 2001.

RENA, Natacha. Parque Augusta e as resistências verdes. Blog Indisciplinar, UFMG, Belo Horizonte, 2014. disponível em: <http://wiki.indisciplinar.com/index.php?title=Rede_Verde> acesso em 29/05/2015.

SHEPARD, Wade. Ghost Cities of China: The Story of Cities Without People in The World's Most Populated Country. Zed Books, London, 2015. Kindle Edition.

SIMMEL, George. A Filosofia da Paisagem. Universidade da Beira Interior Covilhã, 2009.

STEEL, Carolyn. Hungry City: How Food Shapes Our Lives. Vintage Publishing, London, 2013.



[1] Arquiteto Urbanista, Doutor em Arquitetura e Urbanismo, Professor do Departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG. marcelo.maia@gmail.com.

[2] Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Arquitetura da UFMG. annefonseca83@gmail.com.

[3] Arquiteta Urbanista, Doutora em Comunicação e Semiótica, Professora do Departamento de Análise Crítica da Escola de Arquitetura da UFMG, natacharena@gmail.com.

[4] "Cavalheiro e Del Picchia (1992) discutiram a existência do índice de 12 m2 de área verde/habitante considerado ideal, arraigado e difundido no Brasil e atribuído à ONU, OMS ou FAO. Os referidos autores afirmaram que esse índice não é conhecido por aquelas instituições e supõem que deve se referir somente às categorias de parques de bairro e distritais/setoriais, ou seja, áreas públicas com possibilidades de lazer ao ar livre. A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) propôs como índice mínimo para áreas verdes públicas destinadas à recreação o valor de 15 m2/habitante (SBAU, 1996)." … "Jantsen (1973), citado por Cavalheiro e Del Picchia (1992), propôs que as áreas verdes, além de quantitativamente, deveriam ser classificadas de acordo com a faixa etária, o tamanho mínimo do espaço, a distância da residência etc. Segundo Nucci (2001), outros índices devem ser calculados, como: índice de cobertura vegetal, em que se consideram todas as manchas de vegetação, por exemplo as copas das árvores; e índice de áreas verdes utilizáveis, quando a área verde não apresenta condições de uso e, após a qualificação das áreas verdes, dever-se-ia recalcular o índice de áreas verdes, indicando a quantidade delas utilizáveis pela comunidade de acordo com suas qualificações."

[5] Sobre os lugares verdes e o compartilhamento de suas áreas verdes comuns buscamos informações nas páginas institucionais do Sharing Copenhagen disponível em: <http://www.sharingcopenhagen.dk/english/green-tours/green-places/?category=2647> Acesso em: 29/05/2015.