Mudanças entre as edições de "Artesanias do Comum"

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Artesanias do Comum é um projeto extensionista, vinculado ao Programa IND.LAB- Laboratório Nômade do Comum, pertencente ao grupo Indisciplinar, grupo de pesquisa do CNPQ sediado na Escola de Arquitetura da UFMG, que tem suas ações focadas na produção contemporânea do espaço urbano. Seus integrantes são professores, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação oriundos de diversos campos do conhecimento de várias instituições acadêmicas no Brasil e no exterior. Em suma, múltiplas frentes de trabalho transversais umas às outras estão envolvidas neste projeto em disciplinas na graduação e na pós-graduação.Vale ressaltar que as atividades do grupo compreendem de maneira indissociável teoria e prática, ensino-pesquisa e extensão.
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'''Artesanias do Comum''' é um projeto extensionista, vinculado ao '''Programa IND.LAB- Laboratório Nômade do Comum''', pertencente ao grupo '''Indisciplinar''', grupo de pesquisa do '''CNPQ''' sediado na '''Escola de Arquitetura da UFMG''', que tem suas ações focadas na produção contemporânea do espaço urbano. Seus integrantes são professores, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação oriundos de diversos campos do conhecimento de várias instituições acadêmicas no Brasil e no exterior. Em suma, múltiplas frentes de trabalho transversais umas às outras estão envolvidas neste projeto em disciplinas na graduação e na pós-graduação.Vale ressaltar que as atividades do grupo compreendem de maneira indissociável teoria e prática, ensino-pesquisa e extensão.
 
O projeto Artesanias do Comum parte do entendimento que apesar das forças hegemônicas de produção, baseadas exclusivamente na lógica da indústria e da ciência, cujo foco principal é o mercado, há uma invenção potente no cotidiano, engendrada taticamente pelos moradores, para resolver questões pertinentes à produção social do espaço, seja na escala do corpo, da moradia e/ou da cidade. Inspirados em Boaventura de Souza Santos, denominamos essas ações de Artesanias e apostamos na importância do seu mapeamento e na identificação de seus pressupostos de produção. Essas artesanias se aproximam das invenções do cotidiano teorizadas pelo Michel de Certeau e do saber-fazer do artífice explicitado por Sennett. Outro conceito que nos é caro é o conceito do comum, entendido aqui como sendo o “excedente que não pode ser expropriado pelo capital nem capturado na arregimentação do corpo político global” (HARDT; NEGRI), que se manifesta por meio de revoltas globais, mas também por “práticas, linguagens, condutas, hábitos, formas de vida e desejos”. Por fim, temos como balizas teóricas os pressupostos da economia solidária e da tecnologia social, e, por isso, os textos do Roberto Dagnino e Paul Singer serão algumas de nossas referências. Imbuídos desses conceitos, nosso objetivo nesse projeto é o de potencializar práticas urbanas e arquitetônicas nas quais as artesanias e a produção do comum estejam presentes, a partir de uma cartografia ampla de seus procedimentos e pressupostos, tendo como horizonte o projeto e/ou a construção de dispositivos arquitetônicos e urbanos que possam fortalecer uma rede de produção e troca baseada na solidariedade e no compartilhamento de saberes científicos e cotidianos, atravessados simultaneamente por questões e decisões políticas e poéticas.
 
O projeto Artesanias do Comum parte do entendimento que apesar das forças hegemônicas de produção, baseadas exclusivamente na lógica da indústria e da ciência, cujo foco principal é o mercado, há uma invenção potente no cotidiano, engendrada taticamente pelos moradores, para resolver questões pertinentes à produção social do espaço, seja na escala do corpo, da moradia e/ou da cidade. Inspirados em Boaventura de Souza Santos, denominamos essas ações de Artesanias e apostamos na importância do seu mapeamento e na identificação de seus pressupostos de produção. Essas artesanias se aproximam das invenções do cotidiano teorizadas pelo Michel de Certeau e do saber-fazer do artífice explicitado por Sennett. Outro conceito que nos é caro é o conceito do comum, entendido aqui como sendo o “excedente que não pode ser expropriado pelo capital nem capturado na arregimentação do corpo político global” (HARDT; NEGRI), que se manifesta por meio de revoltas globais, mas também por “práticas, linguagens, condutas, hábitos, formas de vida e desejos”. Por fim, temos como balizas teóricas os pressupostos da economia solidária e da tecnologia social, e, por isso, os textos do Roberto Dagnino e Paul Singer serão algumas de nossas referências. Imbuídos desses conceitos, nosso objetivo nesse projeto é o de potencializar práticas urbanas e arquitetônicas nas quais as artesanias e a produção do comum estejam presentes, a partir de uma cartografia ampla de seus procedimentos e pressupostos, tendo como horizonte o projeto e/ou a construção de dispositivos arquitetônicos e urbanos que possam fortalecer uma rede de produção e troca baseada na solidariedade e no compartilhamento de saberes científicos e cotidianos, atravessados simultaneamente por questões e decisões políticas e poéticas.
 
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– Cartografias e copesquisa para o mapeamento dos atores humanos e não-humanos envolvidos na produção dos inventos do cotidiano e das relações sociais e econômicas em ação no território.
 
– Cartografias e copesquisa para o mapeamento dos atores humanos e não-humanos envolvidos na produção dos inventos do cotidiano e das relações sociais e econômicas em ação no território.
  
– Cartografia dos coletivos de arte, arquitetura e design que atuam na esfera do urbanismo tático tanto no Brasil, quanto na Iberoamérica utilizando a plataforma georreferenciada (crowdmap) denominada Urbanismo Biopolítico (aqui estão envolvidos uma pesquisa de Pós-doutorado desenvolvido na Espanha e um TCC realizado na Colômbia).
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– Cartografia dos coletivos de arte, arquitetura e design que atuam na esfera do urbanismo tático tanto no Brasil, quanto na Iberoamérica utilizando a plataforma georreferenciada (crowdmap) denominada [https://urbanismobiopolitico.crowdmap.com/ Urbanismo Biopolítico] (aqui estão envolvidos uma pesquisa de Pós-doutorado desenvolvido na Espanha e um TCC realizado na Colômbia).
  
 
– Oficinas/workshops de capacitação e trocas de saberes tendo como pressupostos: processo de decisão e projeto horizontal compartilhado, tecnologia social e economia solidária. Em suma, pressupostos para a produção do comum.
 
– Oficinas/workshops de capacitação e trocas de saberes tendo como pressupostos: processo de decisão e projeto horizontal compartilhado, tecnologia social e economia solidária. Em suma, pressupostos para a produção do comum.

Edição das 15h50min de 10 de junho de 2019

Apresentação

Artesanias do Comum é um projeto extensionista, vinculado ao Programa IND.LAB- Laboratório Nômade do Comum, pertencente ao grupo Indisciplinar, grupo de pesquisa do CNPQ sediado na Escola de Arquitetura da UFMG, que tem suas ações focadas na produção contemporânea do espaço urbano. Seus integrantes são professores, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação oriundos de diversos campos do conhecimento de várias instituições acadêmicas no Brasil e no exterior. Em suma, múltiplas frentes de trabalho transversais umas às outras estão envolvidas neste projeto em disciplinas na graduação e na pós-graduação.Vale ressaltar que as atividades do grupo compreendem de maneira indissociável teoria e prática, ensino-pesquisa e extensão. O projeto Artesanias do Comum parte do entendimento que apesar das forças hegemônicas de produção, baseadas exclusivamente na lógica da indústria e da ciência, cujo foco principal é o mercado, há uma invenção potente no cotidiano, engendrada taticamente pelos moradores, para resolver questões pertinentes à produção social do espaço, seja na escala do corpo, da moradia e/ou da cidade. Inspirados em Boaventura de Souza Santos, denominamos essas ações de Artesanias e apostamos na importância do seu mapeamento e na identificação de seus pressupostos de produção. Essas artesanias se aproximam das invenções do cotidiano teorizadas pelo Michel de Certeau e do saber-fazer do artífice explicitado por Sennett. Outro conceito que nos é caro é o conceito do comum, entendido aqui como sendo o “excedente que não pode ser expropriado pelo capital nem capturado na arregimentação do corpo político global” (HARDT; NEGRI), que se manifesta por meio de revoltas globais, mas também por “práticas, linguagens, condutas, hábitos, formas de vida e desejos”. Por fim, temos como balizas teóricas os pressupostos da economia solidária e da tecnologia social, e, por isso, os textos do Roberto Dagnino e Paul Singer serão algumas de nossas referências. Imbuídos desses conceitos, nosso objetivo nesse projeto é o de potencializar práticas urbanas e arquitetônicas nas quais as artesanias e a produção do comum estejam presentes, a partir de uma cartografia ampla de seus procedimentos e pressupostos, tendo como horizonte o projeto e/ou a construção de dispositivos arquitetônicos e urbanos que possam fortalecer uma rede de produção e troca baseada na solidariedade e no compartilhamento de saberes científicos e cotidianos, atravessados simultaneamente por questões e decisões políticas e poéticas.
No ano de 2016, o Artesanias do Comum firmou parceria com o MLB (Movimento de luta nos bairros, vilas e favelas), em ações diretas em ocupações urbanas autoconstruídas coordenadas pelo movimento, como por exemplo a criação do projeto ‘Parque das ocupações”, localizado no bairro Barreiro, em Belo Horizonte. Esse projeto está sendo desenvolvido em parceria com uma frente de ação do grupo Indisciplinar, o Natureza Urbana, e sua continuidade no ano de 2017 é de grande importância, tendo em vista o envolvimento das comunidades locais com a proposta do parque. Nesse ano também o grupo de extensão Artesanias do Comum firmou parceria com a Casa Tina Martins, importante casa de referência para a mulher em situação de violência. A parceria firmada visa a criação de dispositivos para melhor apropriação do espaço da casa, como também a capacitação das mulheres abrigadas por meio de oficinas de construção, de marcenaria, de tecelagem, dentre outras. Acredita-se que essas oficinas permitirão às essas mulheres a construção de suas casas, como também o aprendizado de uma ofício, e, consequentemente, a geração de renda, fundamental para sua autonomia financeira.

Objetivos Gerais

O objetivo deste projeto é potencializar invenções já em ação no território, produzidas a partir das emergências do cotidiano, seja na escala do corpo, da moradia ou da cidade. Esse processo será desencadeado por meio de uma cartografia e de uma copesquisa direta com os atores dessa produção, dando ênfase àqueles que estão associadas aos movimentos sociais que lidam com temas urbanos e políticos da atualidade (ocupações urbanas, vendedores ambulantes, artistas de rua, agricultura urbana, etc).

Objetivos Específicos

– Cartografar a produção do espaço engendrada pelos moradores no seu cotidiano, seja na escala do corpo, da moradia ou da cidade.

– Cartografar os conflitos socioambientais e as emergências que desencadeiam essa produção.

– Cartografar os coletivos de arte, arquitetura e design que atuam na esfera do urbanismo tático tanto no Brasil, quanto na Iberoamérica (Plataforma Urbanismo Biopolítico).

– Cartografar as relações econômicas em jogo, buscando identificar: as moedas correntes (financeiras ou não), as formas de propriedade (individuais, coletivas, compartilhadas, etc), as relações de troca (permuta, venda , aluguel, empréstimo, doação, etc) e os contratos sociais em jogo.

– Cartografar os atores humanos e não humanos dessa produção: pessoas envolvidas e suas habilidades; materiais e ferramentas em ação; lojas e depósitos de materiais; pontos de descarte e coleta de materiais; etc.

– Produzir um inventário das cartografias desenvolvidas não só no intuito de dar visibilidade à essa produção, como também transformar o entendimento que comumente se tem sobre essa produção como algo negativo, sem valor, irracional.

– Produzir objetos e dispositivos urbanos e arquitetônicos (mobiliário, equipamentos urbanos, vestimentas, moradias, etc) a partir do encontro dos saberes cotidianos e acadêmicos que possam auxiliar na autogestão dos espaços de produção do comum (ocupações urbanas, ocupações culturais, vilas, favelas).

– Organizar material gráfico (livros, revistas e cartilhas).

Metodologia

As metodologias desenvolvidas nesse projeto incluem:

– Interlocução direta (reuniões, rodas de conversa, etc.) com os moradores de territórios de conflito socioambiental, nos quais, apesar da pobreza material e da vulnerabilidade social presentes ali, é possível identificar engenhosas soluções para as emergências e urgências postas no cotidiano.

– Cartografias e copesquisa para o mapeamento dos atores humanos e não-humanos envolvidos na produção dos inventos do cotidiano e das relações sociais e econômicas em ação no território.

– Cartografia dos coletivos de arte, arquitetura e design que atuam na esfera do urbanismo tático tanto no Brasil, quanto na Iberoamérica utilizando a plataforma georreferenciada (crowdmap) denominada Urbanismo Biopolítico (aqui estão envolvidos uma pesquisa de Pós-doutorado desenvolvido na Espanha e um TCC realizado na Colômbia).

– Oficinas/workshops de capacitação e trocas de saberes tendo como pressupostos: processo de decisão e projeto horizontal compartilhado, tecnologia social e economia solidária. Em suma, pressupostos para a produção do comum.

– Processo intinerante e nômade para a realização das oficinas no intuito de facilitar a participação dos moradores dos territórios parceiros e de afirmar o reconhecimento de lugares de produção de saberes para além daqueles usualmente credenciados pela ciência e pela academia.

– Produção de cartilhas e manuais em redes sociais e eventos, em linguagens acessíveis, visando uma divulgação ampla do material produzido (copyleft) e a autonomia de produção dos futuros interessados na informação compartilhada.

– Todo o processo visa o empoderamento e autonomia dos grupos sociais envolvidos, como também a transformação dos próprios pesquisadores (alunos e professores) quando em contato com a prática da extensão.

Equipe

Coordenação: Marcela Silviano Brandão / Natacha Rena / Luciana de Souza Bragança

Pesquisadores: Daniela Faria / Gabriela Tavares / Marília Pimenta